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A revolução dos Humanoides: o Brasil como está investindo?

A revolução dos Humanoides: o Brasil como está investindo?

Nos últimos anos, o mundo tem testemunhado avanços extraordinários no campo da robótica, especialmente com o surgimento de humanoides — robôs projetados para interagir com seres humanos e realizar tarefas que antes eram exclusivas das pessoas. Com a popularização de modelos como Sophia, desenvolvido pela Hanson Robotics, e outros robôs destinados a trabalhos industriais, de serviços e até mesmo assistência emocional, a pergunta que surge é: como o Brasil está se posicionando nessa revolução?

O que são humanoides e por que eles importam

Humanoides são robôs concebidos para imitar a aparência, os movimentos e até mesmo as expressões humanas. Exemplos notáveis incluem a Sophia, da Hanson Robotics, conhecida por suas habilidades de conversação, e o Atlas, desenvolvido pela Boston Dynamics, que demonstra movimentos incrivelmente semelhantes aos humanos, como corridas e saltos. Eles vão além da automação convencional, pois podem interagir de maneira intuitiva com as pessoas, tornando-se aliados em áreas como educação, saúde e serviços. Segundo a International Federation of Robotics (IFR), o mercado global de robótica deve ultrapassar US$ 80 bilhões até 2030, com um crescimento expressivo na adoção de humanoides em setores como varejo e assistência médica.

O Brasil na era dos humanoides

Embora o Brasil ainda não esteja entre os líderes mundiais em desenvolvimento de robótica, o país tem dado passos importantes na adoção e pesquisa de tecnologias relacionadas a humanoides. Universidades como a USP (Universidade de São Paulo) e a Unicamp estão na vanguarda desse movimento, conduzindo estudos em inteligência artificial e robótica aplicada. Na USP, o Laboratório de Robótica e Engenharia desenvolveu o robô Karen, voltado para a interação humano-robô, enquanto a Unicamp lidera projetos em robótica colaborativa, explorando soluções para indústrias e serviços. Projetos como o robô Karen, desenvolvido pelo Laboratório de Robótica e Engenharia da USP, mostram o potencial do Brasil nesse setor.

No setor privado, empresas de tecnologia como Embraer e startups emergentes têm explorado aplicações de humanoides para tarefas específicas, como automação de processos industriais e atendimento ao cliente. No entanto, a maior limitação continua sendo a falta de investimento em larga escala e uma infraestrutura adequada para o desenvolvimento dessa tecnologia.

Políticas públicas e incentivos

O governo brasileiro tem um papel crucial para impulsionar a adoção de tecnologias robóticas. Por meio de programas como o EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e incentivos fiscais para inovação, algumas iniciativas começam a ganhar força. Apesar disso, o Brasil ainda investe menos de 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, um valor considerado baixo em comparação a países desenvolvidos, como Coreia do Sul, que investe cerca de 4,5%, e Alemanha, com 3,1%. Esses altos índices de investimento têm colocado essas nações na vanguarda do mercado de robótica, com inovações que impulsionam setores como saúde, manufatura e serviços autônomos.

Uma área promissora para os humanoides no Brasil é o setor de saúde. A crescente demanda por cuidados médicos e a escassez de mão de obra qualificada tornam os robôs assistentes uma solução potencial para hospitais e clínicas. Por exemplo, no Brasil, hospitais têm testado robôs para entrega de medicamentos e coleta de amostras, reduzindo o risco de infecção cruzada. Em escala global, robôs como o Da Vinci são amplamente utilizados em cirurgias de alta precisão, enquanto humanoides como o Grace, projetado para interagir com pacientes idosos, oferecem apoio emocional e monitoramento de saúde. Além disso, o setor educacional também pode se beneficiar de humanoides capazes de auxiliar no ensino de ciências e tecnologia para crianças e jovens.

Os desafios para avançar

Apesar dos avanços, o Brasil enfrenta desafios significativos para competir no mercado global de robótica humanoide. Entre os principais obstáculos estão:

  • Falta de investimentos consistentes: O baixo nível de financiamento público e privado limita o crescimento do setor.
  • Infraestrutura tecnológica insuficiente: A carência de laboratórios bem equipados e de uma cadeia de suprimentos local encarece o desenvolvimento de projetos.
  • Fuga de talentos: Muitos pesquisadores brasileiros acabam migrando para países onde há maior apoio para inovação.

O futuro dos humanoides no Brasil

O potencial para o crescimento da robótica humanoide no Brasil é enorme, mas depende de ações coordenadas entre governo, universidades e setor privado. Um exemplo de parceria bem-sucedida é o projeto conduzido pela USP em colaboração com a Embraer, que resultou no desenvolvimento de sistemas autônomos aplicados à indústria aeronáutica. Internacionalmente, iniciativas como a cooperação entre a Boston Dynamics e o MIT têm impulsionado a criação de humanoides altamente funcionais, mostrando a importância de colaborações robustas. A ampliação de parcerias internacionais, o aumento do financiamento em pesquisa e a criação de políticas públicas mais robustas são essenciais para que o país possa se destacar nessa área.

Com o avanço constante da tecnologia, é crucial que o Brasil não apenas consuma, mas também produza soluções inovadoras em robótica. Os humanoides têm o potencial de transformar setores inteiros, e investir nessa revolução agora pode posicionar o Brasil como um dos protagonistas do futuro tecnológico global.

O Brasil tem demonstrado interesse crescente no campo da robótica humanoide, com investimentos significativos por parte de universidades e instituições de pesquisa.

Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)

A Udesc, por meio do seu campus em Joinville, adquiriu recentemente um robô humanoide multitarefas fabricado pela empresa chinesa Unitree. O investimento foi de R$ 690 mil, realizado em parceria com a iniciativa privada. Este robô será utilizado em projetos de pesquisa, ensino e extensão, com foco no desenvolvimento de tecnologias inovadoras em interfaces humano-robô, planejamento de movimentos e aprendizado de máquina.

Universidade de São Paulo (USP)

O Centro de Robótica da USP lidera projetos voltados ao uso de robôs em trabalhos de alto risco, especialmente em instalações petrolíferas. Essas iniciativas visam viabilizar a utilização de robôs para inspeção e manutenção em áreas com risco de explosão, demonstrando o compromisso da universidade com a aplicação prática da robótica em setores industriais críticos.

 

Investimentos Privados e Parcerias

Além das universidades, empresas privadas têm contribuído para o avanço da robótica no Brasil. A Gohobby, por exemplo, foi responsável por importar o robô humanoide da Unitree para a Udesc, indicando uma colaboração entre o setor privado e as instituições acadêmicas para promover a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico no país.

Esses exemplos refletem o empenho brasileiro em acompanhar a revolução dos humanoides, embora ainda haja desafios a serem superados, como a necessidade de maiores investimentos e políticas públicas que incentivem a inovação tecnológica.