Após o estouro do teto da meta de inflação, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, anunciará nesta quinta (10) uma carta explicando os motivos e medidas adotadas.
Após o estouro da meta de inflação em junho, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, confirmou que irá divulgar uma carta aberta ao Ministério da Fazenda nesta quinta-feira (10), às 18h. A informação foi confirmada durante audiência na Câmara dos Deputados e cumpre as exigências previstas nas regras do regime de metas inflacionárias. O Imprensa 24h acompanha os desdobramentos da política econômica nacional e destaca os impactos desta medida, especialmente em um cenário já pressionado pela alta dos preços.
A carta, que será endereçada ao ministro Fernando Haddad — também presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN) —, é de caráter obrigatório sempre que o teto da meta é ultrapassado por seis meses consecutivos, segundo estabelece o atual sistema de metas contínuas de inflação em vigor desde 2025.
Atualmente, a meta é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que configura um teto de 4,5%. Dados internos do Banco Central indicam que 58,8% dos itens do IPCA já superaram esse teto e 45,1% estão acima do dobro da meta, ultrapassando 6% — o que reforça a gravidade do momento.
Durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara nesta terça-feira (9), Galípolo expressou preocupação:
“Estamos bastante incomodados porque essas expectativas sinalizam que, em seis meses, tenho que escrever a segunda carta de descumprimento da meta. Tive que escrever em janeiro e vou ter que escrever, agora, provavelmente uma no mês que vem”, afirmou o presidente do BC.
Segundo a legislação vigente, disponível no site oficial do Banco Central do Brasil, o envio dessa comunicação é necessário para explicar os motivos que levaram ao descumprimento da meta, detalhar as medidas adotadas para conter a inflação — como o recente aumento da Selic para 15% ao ano, maior patamar desde 2006 —, e apresentar uma previsão do prazo para a convergência dos índices ao intervalo permitido.
O que esperar da carta oficial do Banco Central
De acordo com os protocolos do regime de metas, a carta deve conter:
Uma análise técnica das causas do descumprimento da meta;
A descrição das ações já implementadas, como o ajuste da taxa Selic;
Uma estimativa de prazo para que a inflação volte ao nível desejado;
E, se necessário, novas estratégias de política monetária.
Apesar da escalada nos preços e da rigidez nas taxas de juros, Galípolo negou qualquer intenção de flexibilizar o cumprimento da meta. Em sua fala nesta quarta-feira (9), ele foi enfático:
“O Banco Central não vai encontrar o meio do caminho. A meta é 3%, e não uma sugestão. O BC não vai se desviar um milímetro dela.”
O presidente reforçou que a margem de tolerância foi criada apenas para absorver choques externos e não como licença para ser leniente com o controle da inflação.
Repercussão política e econômica
A carta do Banco Central ocorre em meio a um cenário de incertezas econômicas e aumento da pressão sobre a política monetária. No Congresso, parlamentares já aprovaram uma audiência pública para que Galípolo também preste esclarecimentos sobre o recente ataque hacker aos sistemas internos do BC, como informou a Agência Câmara.
A expectativa é que o conteúdo do documento tenha grande repercussão no mercado financeiro e influencie a percepção sobre os rumos da economia brasileira, especialmente no segundo semestre de 2025.
O Imprensa 24h continuará acompanhando a divulgação da carta às 18h desta quinta-feira (10) e trará uma cobertura completa sobre o diagnóstico apresentado por Galípolo e as medidas do Banco Central para conter a inflação.
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