O Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou surpresa com a recente manifestação de autoridades venezuelanas, que usaram um tom ofensivo em relação ao país e seus símbolos nacionais. Em uma nota divulgada na tarde de sexta-feira (1º), o Itamaraty condenou a opção da Venezuela por ataques pessoais, enfatizando que essa abordagem não condiz com a maneira como o governo brasileiro se relaciona com o país vizinho.
A controvérsia surgiu após a publicação da Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela, que apresentou um tom ameaçador em sua comunicação. A imagem, divulgada na quinta-feira (31), mostrava o rosto borrado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado da bandeira do Brasil, acompanhada de frases como “quem mexe com a Venezuela se dá mal”, além de mensagens que exaltavam a “independência” e “soberania” do regime chavista.
Na nota, o Itamaraty declarou que a “opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e seu povo”. A nota destaca o compromisso do Brasil em manter relações diplomáticas respeitosas e construtivas.
A tensão entre os dois países tem se intensificado desde que o governo brasileiro não reconheceu a reeleição de Nicolás Maduro, alegando irregularidades eleitorais. A situação piorou esta semana após o veto do Brasil à adesão da Venezuela aos BRICS. O bloco, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, recentemente ampliou sua composição, mas exige consenso entre os países-membros para aceitar novos integrantes. O descontentamento do Brasil em relação à Venezuela agora transborda para o campo diplomático.
O Itamaraty também enfatizou o respeito do Brasil pelo princípio da não-intervenção e a soberania de cada nação, especialmente das vizinhas. O ministério argumentou que o interesse do governo brasileiro no processo eleitoral venezuelano está relacionado à sua condição de testemunha nos Acordos de Barbados, dos quais foi convidado a participar, além de seu acompanhamento das eleições de 28 de julho.
Em meio a essa crise diplomática, a Venezuela convocou o encarregado de negócios do Brasil em Caracas na quarta-feira (30) para expressar “repúdio” à decisão do governo brasileiro. Além disso, o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, foi chamado de volta a Caracas para consultas.