A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou a criação do “Dia Municipal do Patriota”, a ser celebrado anualmente em 8 de janeiro. A data, proposta pelo ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), que teve seu mandato cassado por abuso de poder econômico nas eleições de 2020, foi promulgada pelo presidente do Legislativo, Hamilton Sossmeier (PTB), em meio a uma série de polêmicas e à conjuntura política vigente.
A decisão de escolher o dia 8 de janeiro como o “Dia Municipal do Patriota” não se deu sem controvérsias. A data coincide com os ataques ocorridos em 2023 às sedes dos três poderes em Brasília, quando manifestantes bolsonaristas radicais invadiram e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. A escolha dessa data levanta questionamentos sobre a relação entre a celebração proposta e os eventos que marcaram um episódio de extrema tensão na política nacional.
A trajetória do projeto também foi marcada por reviravoltas e questionamentos. Embora tenha passado pelas comissões da Câmara, a proposta não foi submetida ao plenário e foi encaminhada para a sanção do prefeito Sebastião Melo em junho. No entanto, devido à falta de manifestação do chefe do Executivo dentro do prazo estipulado, a matéria retornou ao Legislativo e foi promulgada por Sossmeier.
Na justificativa apresentada por Alexandre Bobadra quando da proposição do projeto, ele argumentou que o país estaria passando por um processo preocupante de declínio do patriotismo, mencionando como agentes de ataque a mídia, o sistema educacional, entidades globalistas, universidades e a cultura militante. Bobadra expressou sua visão de que estaria ocorrendo uma ação que busca destruir símbolos que remetem à cultura brasileira e seus feitos, sem propor alternativas para preencher o vácuo gerado.
A criação do “Dia Municipal do Patriota” acontece em um momento de intensos debates sobre a identidade nacional, os rumos políticos do país e a polarização ideológica que tem caracterizado o cenário brasileiro. A medida atraiu opiniões divergentes da população, com defensores enxergando-a como uma oportunidade para celebrar os valores patrióticos e críticos questionando a pertinência da data e o contexto político que a cerca.