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Decisão Judicial devolve controle da Imcopa ao Grupo Petrópolis após operação policial

Decisão Judicial devolve controle da Imcopa ao Grupo Petrópolis após operação policial

Administradores da empresa produtora de soja foram alvo da operação que apura desvios e ilícitos; Justiça nomeia novos administradores para preservar direitos dos credores

A Justiça do Paraná decidiu nesta sexta-feira devolver ao Grupo Petrópolis a gestão da Imcopa, empresa do ramo do agronegócio especializada na produção de soja e derivados. Em seu despacho, a juíza Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial, determinou a destituição dos então administradores Fernando Lauria e Mauro Piacentini, que foram alvo da operação de busca e apreensão da Polícia Civil realizada ontem na empresa e em outros endereços, que apura suspeitas de desvios financeiros e outras condutas ilícitas. A decisão da juíza acatou pedido feito pelo Grupo Petrópolis nesta sexta-feira.

A Imcopa é uma das maiores produtoras de soja e derivados do país e uma referência na produção de soja não transgênica há mais de 20 anos. A empresa possui capacidade de esmagamento de soja de 1,5 milhão de toneladas/ano, 240 mil toneladas/ano de produção proteína concentrada de soja (62% de proteína) e capacidade de envase de 80 mil garrafas de óleo de soja refinado por hora. A empresa está em recuperação judicial desde 2013, com uma dívida em torno de R$ 3 bilhões, e o Grupo Petrópolis firmou um contrato de arrendamento de duas fábricas da Imcopa no Paraná em 2014.

Segundo a investigação da Polícia Civil do Paraná, Fernando Lauria e Mauro Piacentini atuariam como “laranjas” de dois agentes do mercado financeiro – Ruy del Gaiso e Renato Mazzuchelli, sócios na R2C Gestora de Investimentos – que não aparecem na composição societária da Imcopa. O escritório da gestora R2C em São Paulo também foi alvo da operação de busca e apreensão.

“A investigação da Polícia Civil comprova, de uma vez por todas, o que já tinha sido trazido aos autos: quem administra a Imcopa de fato são os Srs. Ruy del Gaiso e Renato Mazzuchelli. As comunicações internas agora exibidas pela Justiça Criminal demonstram que os Diretores Estatutários (Fernando Lauria e Mauro Piacentini) não têm poder de gestão algum – submetem todo e qualquer tipo de decisão, por mais corriqueira que seja”, afirma a petição apresentada pelo Grupo Petrópolis.
A decisão visa preservar a Imcopa de desvios financeiros, o que vinha ocorrendo, e que foram denunciados à Justiça nos últimos dois anos pelo Grupo Petrópolis. Constam dos autos desse processo cópias de transferências bancárias ilegais.

Em dezembro de 2022, os administradores da Imcopa conseguiram a liberação de R$ 10,3 milhões que estavam depositados em juízo, sob a alegação de que precisavam desse montante quitar despesas da empresa. No entanto, esses recursos foram desviados para uma conta da empresa nas Ilhas Cayman, e depois transferidos para a conta de outra empresa na Suíça, a Crowned Capital, que não tem qualquer ligação com a Imcopa.

Com a decisão da Justiça, a gestão da empresa será assumida por Marcelo Pires e Marcelo de Sá, indicados pelo Grupo Petrópolis na petição apresentada. A juíza Mariana Gluszcynski Fowler Gusso também decidiu dispensar a deliberação de uma assembleia geral de credores sobre os novos administradores, “considerando que as peticionárias detêm quase a totalidade dos créditos sujeitos à recuperação judicial” e votariam pela nomeação das pessoas indicadas na petição.