Professor disserta sobre as ramificações da descriminalização da maconha no contexto brasileiro
Por mais de uma década, o Recurso Extraordinário 635659 tem sido objeto de exame no Supremo Tribunal Federal, questionando a validade do artigo 28 da Lei de Drogas, que versa sobre a posse e uso de entorpecentes para consumo pessoal. Recentemente, o tema voltou a ganhar destaque na pauta do STF, com avanços notáveis no posicionamento dos ministros. Atualmente, cinco membros da corte apoiam a descriminalização da maconha, enquanto um voto contrário, do ministro Zanin, permanece.
O assunto da descriminalização da maconha tem se tornado um tópico de debates fervorosos na sociedade. A complexidade dessa discussão é inegável, pois permeia vários estratos da comunidade. É crucial ressaltar que não se trata de tomar partido a favor ou contra o uso de drogas, especialmente da maconha. O cerne da questão repousa na reavaliação da abordagem penal associada.
“É imperativo compreender que a descriminalização implica unicamente na não categorização do uso e posse de droga para consumo pessoal como um delito. Não estamos debatendo a legalização do consumo de maconha, o que acarretaria em uma mudança de escala mais abrangente”, esclarece o defensor público e docente da Universidade Tiradentes (Unit), Marcelo Mesquita.
O significado prático da descriminalização
A medida em discussão busca dissociar o ato do consumo pessoal de maconha de punições penais, sem, contudo, transformar radicalmente a situação quanto à legalidade do consumo da substância em termos gerais. Este é um ponto crucial a ser considerado na ponderação desse tema.
Além disso, é importante frisar que diversos países ao redor do mundo já trilharam o caminho da descriminalização, não somente da maconha, mas também de outras substâncias. Exemplos incluem nações como Portugal, Alemanha, Rússia, Argentina, Colômbia, entre outros países do continente americano.
“A experiência internacional nos proporciona preciosas percepções sobre as consequências da descriminalização. A análise desses casos pode contribuir para a reflexão acerca das possibilidades e desafios que tal medida pode trazer para a sociedade brasileira”, aponta o professor.
A discussão em curso no Supremo Tribunal Federal desafia o sistema jurídico e a sociedade a ponderar as implicações e sutilezas da descriminalização da maconha. Trata-se de um tema complexo e multifacetado, que requer um diálogo amplo e bem-informado para guiar decisões que moldarão o futuro das políticas relacionadas ao consumo de substâncias entorpecentes no país.
Asscom Unit