O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) declarou que a corrida presidencial de 2026 não deverá contar com os dois nomes mais emblemáticos da polarização política nacional: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao portal Poder360, o parlamentar argumentou que Lula não deseja encerrar sua trajetória política com uma derrota, enquanto Bolsonaro deverá permanecer inelegível até o pleito.
A avaliação de Kataguiri, feita em entrevista gravada no estúdio do Poder360 no dia 10 de abril, reforça o cenário de renovação política que pode marcar a próxima eleição presidencial. Segundo o deputado, o nome mais forte da direita atualmente é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), enquanto Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, aparece como possível representante da esquerda caso Lula opte por não disputar novamente o cargo.
“Lula não é candidato porque avalia que vai perder e não quer fechar sua biografia com uma derrota”, disse Kataguiri, destacando também a existência de dissidências internas no PT, inclusive com o presidente da República enfrentando resistência dentro do próprio partido.
Em relação a Bolsonaro, o deputado foi direto: “Ele não é candidato, ele vai ser preso esse ano. Ainda que não seja, ele já está inelegível e só atrapalha a construção de uma direita competitiva”. Para Kim, a permanência de Bolsonaro como figura central da direita impede o surgimento de novas lideranças. Ele também criticou a possibilidade de o ex-presidente indicar um familiar à disputa: “Isso, para mim, é implorar para a esquerda vencer as eleições”.
Além das projeções para 2026, o deputado comentou diversos temas da agenda política nacional:
Criação do novo partido “Missão”
Kataguiri revelou que o partido Missão, idealizado pelo MBL (Movimento Brasil Livre), deve ter seu registro analisado pela Justiça Eleitoral até setembro. Segundo ele, a nova legenda já conta com 400 mil assinaturas validadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e terá um nome para concorrer ao Planalto.
Anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro
O parlamentar afirmou que a proposta de anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro tem pouca chance de avançar no Congresso, mas disse apoiar o texto com ressalvas. Ele considera que o STF desrespeitou o devido processo legal, mas reforçou que quem cometeu vandalismo deve ser punido.
Economia e Orçamento
Kim criticou o governo Lula e o ministro Haddad pelo que classificou como “modelo de destruição do Orçamento”, citando a PEC da Transição e o novo arcabouço fiscal. Para ele, as medidas enfraqueceram o teto de gastos e abriram espaço para um aumento insustentável das despesas.
Emendas parlamentares
Defensor do fim das emendas de relator, Kataguiri afirma que elas “não são coisa de país civilizado”. Ele diz destinar seus recursos a organizações da sociedade civil e revelou doar cerca de R$ 9 mil por mês do seu salário, correspondente ao reajuste de 2022.
Reforma no Judiciário
Entre suas propostas está uma PEC que impede verbas indenizatórias acima do teto constitucional e acaba com as férias de 60 dias no Judiciário. O deputado afirmou estar sendo atacado por juízes e promotores, mas continuará defendendo mudanças estruturais.
Prostituição e zona urbana
Em outro projeto polêmico, Kataguiri propõe a regulamentação da prostituição em zonas específicas para evitar impactos em bairros residenciais. Ele defende a medida como forma de proteger comerciantes e preservar a organização urbana.
Pena de morte e plebiscito
Por fim, o parlamentar revelou ser favorável à pena de morte e que pretende iniciar a coleta de assinaturas no Congresso para um plebiscito. “Hoje, a pena de morte existe para a vítima”, declarou, defendendo um debate mais amplo sobre o tema, inclusive com a convocação de uma Assembleia Constituinte.
A entrevista completa com Kim Kataguiri está disponível no canal do YouTube do Poder360, com duração de 59 minutos e 27 segundos.
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