A crise no transporte público de Aracaju ganhou um novo capítulo com a revelação das dívidas milionárias das empresas do setor. Após o cancelamento da licitação da Prefeitura de Aracaju, as empresas Progresso, Tropical e Auto Paraíso, que integram o Grupo Progresso, acumulam juntas mais de R$ 558 milhões em dívidas, enquanto o Grupo Modelo registra um montante superior a R$ 164 milhões.
As informações, obtidas com exclusividade no Portal da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, expõem débitos relacionados a multas trabalhistas, INSS e outros tributos que afetam diretamente a vida de ex-funcionários e trabalhadores do setor.
Mesmo com o cancelamento da licitação, que animou os empresários, a prefeita Emília Corrêa anunciou uma parceria com o Ministério Público do Trabalho para tentar garantir o pagamento dos rodoviários. A medida gerou dúvidas sobre como será realizada, já que as dívidas se acumulam há décadas.
Empresas endividadas anunciam compra de novos ônibus
O Grupo Progresso, principal devedor, comemorou as medidas adotadas pela Prefeitura, incluindo o veto ao Projeto de Lei nº 142/2024, que proibia subsídios para empresas com dívidas trabalhistas. Paralelamente, anunciou a compra de novos ônibus, mesmo sem resolver os problemas financeiros existentes.
Segundo a ex-funcionária Ivana Oliveira Rodrigues, que trabalhou na Tropical Transportes por mais de oito anos, os trabalhadores sofrem com o descaso:
“Fui demitida injustamente e precisei da Justiça para reverter a situação. Mesmo com a decisão favorável, nunca recebi seguro-desemprego, rescisão ou FGTS. Meu caso é só um entre tantos outros.”
Ivana afirma ainda que os repasses ao FGTS não foram feitos durante nove anos de trabalho e que muitas irregularidades dificultam o acesso aos direitos dos trabalhadores:
“Conheço colegas que nem sequer têm a RAIS registrada. Enquanto isso, os proprietários blindam seus patrimônios, transferindo-os para terceiros para escapar das obrigações.”
Atalaia Transportes: a única adimplente
Em meio ao cenário de dívidas, a Atalaia Transportes se destaca como a única empresa adimplente com a União e seus funcionários. Foi também a única participante da licitação provisória, mostrando uma postura diferente em relação às concorrentes.
Impactos para a população
Além de prejudicar os trabalhadores, a crise no transporte público afeta diretamente os usuários, que convivem com ônibus lotados e condições precárias de transporte. Apesar do anúncio de novos veículos, há incerteza sobre quando e como essas melhorias chegarão à população.
A Prefeitura de Aracaju deve enfrentar uma longa jornada para solucionar o caos financeiro e garantir que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. Enquanto isso, o transporte público segue como um reflexo da falta de planejamento e fiscalização.
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