A candidata à Prefeitura de Aracaju, Emília Corrêa (PL), construiu sua campanha em torno de uma promessa forte: acabar com o que ela chama de “sistemão”, um suposto esquema que controlaria a política e os contratos públicos da capital. Ela se apresenta como a defensora da moralidade e da transparência, comprometida a auditar todos os contratos da prefeitura, especialmente aqueles relacionados a serviços essenciais, como a coleta de lixo, merenda escolar e a gestão de unidades de saúde, como a Maternidade Lourdes Nogueira.
Essa proposta de revisão dos contratos públicos atrai seus eleitores, que veem em Emília a promessa de uma gestão mais ética e combativa à corrupção. No entanto, em seus discursos, Emília é vaga ao detalhar como essa auditoria será realizada. Ela promete revisar contratos que, segundo ela, estão manchados por suspeitas de superfaturamento, como os da coleta de lixo, fornecimento de equipamentos para a educação fundamental e a administração da Maternidade Lourdes Nogueira.
Uma questão crucial, portanto, permanece sem resposta: se esses contratos estão sob suspeita, como ela lidará com eles até a conclusão da auditoria? Como ela pretende realizar essa revisão sem interromper serviços essenciais?
Auditorias de contratos públicos complexos demandam tempo e envolvem processos legais intrincados. Não é algo que pode ser resolvido de um dia para o outro. Até que a auditoria seja finalizada, a gestão vai continuar pagando pelas empresas contratadas ou suspenderá os serviços? Se optar pela suspensão, o caos será inevitável: a coleta de lixo pararia, escolas ficariam sem merenda e a maternidade teria seus atendimentos comprometidos.
Contratos temporários: solução ou problema?
Alguns sugerem que uma solução seria a contratação temporária de novas empresas até a conclusão da auditoria. Mas isso cria outro dilema: contratar emergencialmente, sem licitação adequada, não abriria espaço para os mesmos problemas de corrupção que Emília tanto critica? Esses contratos temporários também não estariam sob suspeita por não seguirem o devido processo licitatório?
Além disso, a interrupção de serviços essenciais, como coleta de lixo e saúde, pode ser tão grave que órgãos de controle, como o Ministério Público, seriam obrigados a intervir para garantir a continuidade dos serviços. A candidata não apresentou nenhuma solução concreta para evitar esse cenário catastrófico.
O discurso vazio da “caixa preta”
“Vamos abrir a caixa preta” é um dos pilares do discurso de Emília, mas ela não esclarece como pretende fazer isso sem paralisar a administração da cidade. Até o momento, não há plano para garantir que Aracaju não fique sem serviços essenciais, como a coleta de lixo, merenda escolar e atendimentos em unidades de saúde, como o Nestor Piva, também gerido por contrato.
Se Emília suspender os contratos sem uma solução imediata, o caos administrativo se instalará nos primeiros dias de sua gestão. As auditorias são bem-vindas para garantir cada vez mais transparência, mas, sem um plano claro, os eleitores deveriam refletir se o cumprimento dessa promessa não viria ao custo de um colapso nos serviços públicos da cidade.
Prometer “derrubar o sistemão” e fazer auditorias radicais é uma estratégia populista que atrai eleitores insatisfeitos com a gestão atual, mas, na prática, pode causar danos irreparáveis à cidade. A falta de planejamento para manter os serviços públicos funcionando enquanto esses contratos são investigados levanta sérios questionamentos sobre a viabilidade de sua proposta.
Com o segundo turno se aproximando e a disputa com Luiz Roberto (PDT) cada vez mais acirrada, Emília precisa urgentemente explicar como fará a revisão dos contratos sem mergulhar Aracaju em um caos administrativo. Afinal, nenhum eleitor quer ver a cidade sem coleta de lixo, sem merenda escolar e sem atendimento médico em estabelecimentos de saúde, como a Maternidade Lourdes Nogueira e o Hospital Nestor Piva.
Com a ausência de respostas concretas e esses questionamentos, o discurso de Emília contra a corrupção apresenta todas as características de promessas vazias. E em uma disputa onde ela se coloca como a única via capaz de ir contra “o sistema”, assumir compromissos como esse, sem qualquer base sólida aparente, só demonstra aos eleitores mais atentos a incapacidade de lidar com as complexidades da administração pública, tão necessárias para garantir o bem-estar da população.
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