Menor estado em extensão territorial, Sergipe possui uma das mais diversas manifestações culturais do Brasil. Como forma de democratizar o acesso a essas práticas, promover a reflexão crítica e compartilhar conhecimentos para incentivo e fortalecimento da identidade sergipana, na manhã desta quinta-feira, 05, aconteceu a abertura do 48º Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras, uma realização do Governo de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Conselho Estadual de Cultura (CEC), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE) e apoio da prefeitura de Laranjeiras.
A atividade foi realizada no Auditório da UFS – Campus Laranjeiras, com a participação de pesquisadores, folcloristas, historiadores, acadêmicos e mestres dos saberes de todo o país. Assim como acontece todos os anos, são homenageadas personalidades do estado que, em suas vivências e experiência, desempenharam um papel importante para a divulgação da cultura sergipana. Nesta edição, com o tema “Teatro Popular: Suas Vertentes e Gestão Cultural”, a professora, escritora e historiadora Aglaé d’Ávila Fontes foi a grande homenageada.
Após apresentação do grupo Reisado dos Idosos da Mussuca, às 8h30, aconteceu a cerimônia de abertura em mesa composta pelo vice-governador de Sergipe, Zezinho Sobral, a presidente da Funcap, professora Conceição Vieira, o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Igor Albuquerque, o prefeito de Laranjeiras, José de Araújo Leite Neto (Juca), a professora Aglaé d’Ávila, Luciano Bispo, presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), o vice-reitor da UFS, Rosalvo Ferreira Santos, Antônio Carlos, representante do grupo Cacumbi, entre outras personalidades.
“Estamos hoje aqui unidos, juntos, fortalecidos numa política de garantir a nossa sergipanidade, a nossa identidade cultural, garantir que mais 48 anos sejam assegurados, porque, como disse a minha querida professora Aglaé ‘a educação estimula, ensina, mas a cultura faz enxergar’”, afirmou o vice-governador, Zezinho Sobral.
Em sua fala, Conceição saudou a todos os contribuintes para a realização do evento, destacou os recentes avanços do setor cultural em Sergipe e enfatizou o papel social e artístico do Simpósio. “Esse Encontro só ocorre porque conta com os fazedores de cultura, aqueles que alimentam, dão corpo a este Simpósio e o mantém vivo há 48 anos ininterruptamente. São as reflexões trazidas aqui que impulsionam a prática e a vivência para que a nossa cultura seja ainda mais fortalecida.”
Assim como Conceição Vieira, Igor Albuquerque, presidente do Conselho Estadual de Cultura, também enfatizou sobre a importância do evento. “Hoje nós damos continuidade a boa tradição do Simpósio que, desde 1976, buscou estudar as manifestações da cultura popular, promover apresentações de grupos, discutir as questões fundamentais da cultura popular, fomentar o intercâmbio de grupos e valorizar a criação popular. Essa tradição torna o Encontro e Simpósio dois eventos consolidados que conseguem fazer-se relevantes no cenário multifacetário.”
“Estamos há quase meio século realizando o Encontro Cultural, e isso, para mim, é motivo de muito orgulho. Uma honra estar à frente, mais uma vez, desse evento, porque Laranjeiras, desde a época imperial, é uma cidade que se destaca pelo seu cenário, é uma cidade monumenta do patrimônio histórico nacional, que tanto representa pela diversidade de grupos e brincantes que temos aqui em nosso município”, pontuou o prefeito de Laranjeiras, José de Araújo.
A trajetória da professora Aglaé foi novamente destaque na mesa temática “Aglaé d’Ávila Fontes: trajetória e andanças pelos caminhos das culturas populares”, coordenada por Terezinha Oliva, com participação de Rísia Rodrigues Silva Monteiro e Augusto Barreto Dorea.
Emocionada, a professora Aglaé agradeceu pelas homenagens e sintetizou seu sentimento em uma palavra: todah, cujo significado do hebraico é “braços estendidos agradecendo”.
“Os tambores da minha alma estão tocando, e ao tocar, passam a sonoridade do agradecer por essa homenagem tão significativa na composição do meu tempo de vida. Os tambores da minha alma estão tocando. E com os seus toques, vem também as falas, os cantos dos que alimentaram as minhas pesquisas nessa cultura enraizada na alma do povo e que me permitiu conhecer suas práticas mágicas, suas danças, rituais, suas máscaras significativas e simbólicas, suas celebrações, seus cortejos, seus folguedos e danças dramáticas, sua lúdica, a riqueza incomparável do sambado, que traz a sensualidade da umbigada. Especialmente, conhecer sua poesia e sua narrativa singular. Épocas diversas que vivi, caminhos diversos também e verdades reveladas. Um tempo que me enriqueceu pessoalmente”, agradeceu Aglaé em discurso aplaudido de pé por todos os presentes.
A programação do primeiro dia foi encerrada com apresentação do grupo Cacumbi Juvenil de Laranjeiras, conduzida pelo Mestre Wilker. O Simpósio segue nesta sexta-feira, 06, a partir das 9h, com dois grupos de trabalhos, encontro com mestres dos saberes, mesa de conversa e apresentação de documentários.