O hacker Walter Delgatti Neto, durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), trouxe à tona um relato impressionante sobre um suposto pedido feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para que ele assumisse a autoria de um grampo telefônico contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O depoimento ocorreu no dia 17 de Agosto, diante de membros da CPMI e de olhos atentos do público.
Segundo Delgatti, o encontro inusitado teria ocorrido quando ele se deparou com a deputada Carla Zambelli em um posto de combustível na rodovia Bandeirantes, em São Paulo. O hacker alegou que Zambelli teria entregue um celular novo com um chip aparentemente nunca utilizado, e em seguida, Bolsonaro teria entrado em contato.
De acordo com as declarações do hacker, o então presidente teria afirmado que agentes de outro país seriam os responsáveis pela realização do grampo, que supostamente continha informações comprometedoras sobre o ministro Alexandre de Moraes. Delgatti ainda detalhou que Bolsonaro teria solicitado que ele assumisse a autoria do grampo, com a garantia de que receberia um indulto em troca.
Alegando que sua imagem já estava vinculada às revelações das mensagens obtidas da Operação Lava Jato, Delgatti afirmou que Bolsonaro teria lhe dito que a esquerda teria dificuldades em questionar sua autoria, pois ele já havia assumido a autoria da “Vaza Jato” e havia recebido apoio.
O hacker também relatou que Bolsonaro teria feito uma ameaça velada, afirmando que caso Delgatti fosse preso, o próprio presidente faria questão de mandar prender o juiz. Essas afirmações trouxeram uma dimensão ainda mais preocupante às alegações do hacker.
Delgatti admitiu que, sob a perspectiva de ser uma proposta vinda do presidente da República, ele concordou em assumir a autoria do grampo, acreditando que isso poderia resultar em ações contra o ministro do STF e influenciar a implementação de urnas eletrônicas com impressão de voto.