Hacker afirma ter recebido promessa de pagamento para invadir sistema do CNJ
Na manhã desta sexta-feira, 18 de agosto, o hacker Walter Delgatti Netto apresentou à Polícia Federal (PF) um áudio que supostamente teria recebido de uma assessora da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). De acordo com informações do advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, o áudio, enviado via WhatsApp, trazia discussões sobre pagamento relacionado à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A divulgação deste áudio ocorre após o hacker ter prestado depoimento à PF na última quarta-feira, 16 de agosto, quando alegou ter recebido um montante de R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli para invadir o sistema do CNJ e inserir documentos falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão. Entre esses documentos estaria um falso mandado de prisão direcionado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A parlamentar, por sua vez, nega veementemente as acusações feitas por Delgatti.
Segundo Ariovaldo Moreira, a assessora da deputada, cujo nome não foi revelado, teria prometido efetuar o pagamento em questão. O advogado também mencionou que, apesar de Delgatti ter mencionado anteriormente a conversa com a assessora em depoimentos anteriores à PF, apenas hoje ele se lembrou do nome da mesma.
Além disso, Moreira esclareceu que Delgatti omitiu informações durante seu depoimento à PF na última quarta-feira, informações essas que ele posteriormente compartilhou durante sua participação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no dia 17 de agosto. O advogado alegou que o delegado federal responsável pelo interrogatório considerou essas informações como não sendo relevantes para a investigação que apura a invasão do sistema do CNJ.
Sobre a possibilidade de um acordo de delação premiada, Moreira admitiu que seu cliente não descarta essa opção. Ele também explicou que Delgatti tem colaborado com as autoridades, fornecendo “indícios de provas” para embasar suas alegações. Moreira enfatizou que, apesar de não haver provas concretas até o momento, existem indícios de que Walter Delgatti Netto esteve em contato com Jair Bolsonaro e que Flávio Bolsonaro, filho do presidente, teria admitido tal fato. O advogado mencionou a possível existência de câmeras e imagens no Ministério da Defesa que poderiam corroborar os relatos de Delgatti, caso ele forneça datas e horários específicos para sua presença no local.