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Hospital de Urgências de Sergipe alerta para os riscos do uso de cigarro eletrônico

Hospital de Urgências de Sergipe alerta para os riscos do uso de cigarro eletrônico

Pneumologista da unidade explica as complicações físicas e químicas que esse tipo de material pode gerar ao organismo

Também conhecidos como “vapes”, os cigarros eletrônicos vêm se popularizando entre o público jovem que, em muitos casos, desconhece os riscos que esse tipo de material pode causar à saúde. Pensando nisso, o Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse) faz um alerta sobre as complicações físicas e químicas que esse tipo de dispositivo pode gerar ao organismo.

Apesar de ter sido criado como alternativa ao cigarro convencional, o cigarro eletrônico libera nicotina e outras substâncias que trazem múltiplos riscos, que vão desde o aparecimento de problemas pulmonares à dependência química.

Segundo o médico pneumologista do Huse, Saulo Maia, a utilização do dispositivo tem sido associado a danos nos tecidos da mucosa oral, nasal, pulmonar e cardiovascular, e seu potencial carcinogênico associado ao câncer de boca, nasossinusal e pulmão.

“Além disso, o uso desse tipo de material também pode causar dependência, em muitos casos, de forma muito mais rápida do que o cigarro convencional, devido ao alto teor de nicotina que o dispositivo pode liberar”, disse o médico.

Dentre as principais substâncias liberadas pelo cigarro eletrônico, estão as nano partículas de metais pesados, solventes e outros químicos que variam de acordo com o que é colocado para fumo no dispositivo. Sobre isso, o especialista chama a atenção para o uso de substâncias aromatizantes e as complicações que esse tipo de material acarreta ao organismo.

“Além da nicotina, que é o principal fator para o vício em cigarro, as substâncias aromatizantes, responsáveis por dar sabor ao cigarro eletrônico, como menta, chocolate, entre outras, foram feitas para serem ingeridas, não inaladas. Quando ocorre a inalação dessa matéria, a fumaça vai para o pulmão e afeta seus tecidos, gerando processos irritativos, como rinossinusite, asma, rinite alérgica e irritação nos olhos”, explicou o médico.

Ainda de acordo com o especialista, outro dano provocado pelo uso excessivo de cigarros eletrônicos é conhecido por Evali, doença aguda que pode originar quadro de insuficiência respiratória em seus usuários.

“Na fase mais avançada ocasionada por essas substâncias irritantes, a doença Evali pode ser desencadeada. Essa enfermidade pode originar insuficiência respiratória, semelhante ao que vimos nos quadros da Covid-19, em que o paciente muita vezes tem que ser encaminhado para a terapia intensiva com respiração mecânica e risco de vida,” salientou Saulo Maia.

Apesar de sua popularização, a comercialização dos cigarros eletrônicos  é vedada no Brasil, segundo resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sobre o assunto, o médico do Huse faz um alerta para a importância do combate ao tabagismo no Brasil.

“Muitas vezes os jovens, por imaturidade e por falta de conhecimento sobre tabagismo, caem no engano de que o cigarro eletrônico é menos prejudicial à saúde e se tornam dependentes. E, infelizmente, apesar de ser proibido no Brasil, ainda é muito recorrente a venda desse tipo de produto na internet. Por isso, é preciso que haja uma maior fiscalização sobre a venda desses dispositivos, como também a existência de mais campanhas de conscientização, atentando para os malefícios que esse tipo de material pode causar à saúde pública”, concluiu.