Apesar de representarem a maioria da população ocupada em 2022, com 54,2% do total, pretos e pardos enfrentaram disparidades significativas nos rendimentos em comparação com os trabalhadores brancos, que ocupam 44,7% do mercado de trabalho. Os dados, provenientes da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, revelam uma realidade alarmante.
De acordo com a pesquisa, o rendimento-hora da população ocupada branca atingiu R$ 20,10, sendo 61,4% superior ao dos pretos e pardos, que alcançaram R$ 11,80. A discrepância se intensifica ao considerar o rendimento médio real, onde os brancos (R$ 3.273) ganharam 64,2% a mais do que os pretos ou pardos (R$ 1.994).
A análise por nível de instrução ressalta ainda mais a desigualdade, especialmente no nível superior completo, onde os brancos registraram um rendimento-hora de R$ 35,30, enquanto os pretos ou pardos obtiveram R$ 25,70, uma diferença de 37,6%.
Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, aponta que o cerne do problema reside na inserção da população negra no mercado de trabalho. “Em alguns setores de atividade econômica, a presença da população negra é muito reduzida, e mesmo nos setores onde há maior presença de negros, estes acabam ocupando posições operacionais e raramente têm oportunidade de mobilidade,” destaca.
A pesquisa também evidencia disparidades significativas na distribuição por atividade econômica. Setores de menor rendimento, como serviços domésticos (66,4%), construção (65,1%), agropecuária (62%) e transporte, armazenagem e correio (57%), têm uma maior proporção de trabalhadores negros e pardos. Enquanto isso, as categorias de administração pública, educação, saúde e serviços sociais (50,23%) e informação, financeira e outras atividades profissionais (56,6%) são predominantemente compostas por trabalhadores brancos.
Os números refletem uma persistência das profundas desigualdades sociais, conforme ressalta Mariano: “É um quadro estrutural de desigualdades.”
A pesquisa também destaca que a desigualdade se estende ao mercado informal, com 40,9% da população ocupada em 2022 trabalhando informalmente. A proporção de mulheres pretas ou pardas (46,8%) e homens pretos ou pardos (46,6%) supera a média nacional, enquanto a de mulheres brancas (34,5%) e homens brancos (33,3%) permanece abaixo.
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