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‘Janeiro Seco’ desestimula o consumo de álcool

‘Janeiro Seco’ desestimula o consumo de álcool

Campanha propõe que as pessoas não usem bebida alcóolica durante o mês de janeiro: professora destaca que ela chama a atenção para os males do consumo excessivo

O verão é uma época de muitas festas e encontros entre amigos, o que proporciona e estimula o consumo de bebidas alcóolicas. Afinal, muita gente gosta de tomar aquela cerveja gelada ou um drinque bem preparado. Mas uma campanha vem crescendo na internet e nas redes sociais, a ponto de ganhar as ruas de muitos países pelo mundo: o Dry January, também chamado de Janeiro Seco. Ele propõe que as pessoas não tomem nenhuma bebida alcóolica durante todo o primeiro mês do ano.

Criada em 2012 pela ONG britânica Alcohol Change UK, a campanha chama a atenção para a dependência do álcool e defende que essa mudança de hábitos vai trazer benefícios à saúde e melhorar a qualidade de vida. Só em 2021, mais de 120 mil pessoas se inscreveram, topando o desafio. Praticamente todos relataram ter sentido essas melhorias após passarem pelo menos um mês sem álcool. Alguns dormiram melhor, outros perderam peso, ganharam mais estabilidade em seu humor, voltaram a praticar esportes e melhoraram seus indicadores de colesterol e pressão arterial.

“A ausência do consumo de bebida alcoólica exerce influência positiva na saúde física e mental das pessoas”, resume a professora Cláudia Mara de Oliveira Bezerra, preceptora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit). E essa melhoria pela ausência da bebida alcóolica é atestada pelos especialistas, que apontam uma série de danos causados ao organismo pelo consumo excessivo de álcool, os quais podem ser observados a curto e a longo prazo.

“Primeiro, nota-se que o consumo constante de bebida alcoólica pode causar alterações significativas de humor, irritabilidade, impaciência e depressão. Além disso, é possível observar perda de memória, sonolência, aumento da pressão arterial, obesidade e risco de AVC”, afirma Cláudia, acrescentando que o uso excessivo do álcool, a longo prazo, pode acarretar em problemas gástricos, alterações hepáticas alcoólicas, desidratação, gordura no fígado, cirrose e cânceres.

Dados

A incidência de mortes relacionadas a essas doenças têm aumentado no Brasil, como mostram os dados do relatório “Panorama 2022: o álcool e a saúde dos brasileiros”, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). Entre 2019 e 2020, os óbitos totalmente atribuíveis ao álcool subiram de 6.594 para 8.169, o que dá uma alta de 24%. Já as mortes parcialmente atribuíveis, incluindo acidentes de trânsito e outras mortes violentas, aumentaram em 1%: de 65.927 para 66.593.

Segundo dados do relatório “Vigitel Brasil 2006-2020: tabagismo e consumo abusivo de álcool”, publicado em 2022 pelo Ministério da Saúde, 20,9% dos adultos entrevistados pela pesquisa admitiram consumir mais quatro ou mais doses de bebidas alcoólicas em uma mesma ocasião. O número, referente a 2020, é bem maior que o apurado pela mesma pesquisa em 2006, que foi de 15,9%. Entre as mulheres, o percentual de consumo abusivo subiu de 7,8% para 16% neste período, enquanto que entre os homens, ele foi de 25% para 26,6%.

“O risco não é apenas para aqueles que tendemos a pensar como bebedores dependentes, às vezes chamados de ‘alcoólatras’. Aqueles que acabam em enfermarias de câncer, fígado e derrame geralmente são bebedores pesados ‘normais’ que podem parecer bem por fora, mas que inconscientemente prejudicam seus corpos. Por trás de cada morte está uma tragédia pessoal, até porque cada uma dessas mortes é evitável”, diz o manifesto escrito pelo curador da Alcohol Change, o renomado médico e professor britânico Alan Maryon-Davis.

A professora Cláudia acredita que a campanha Janeiro Seco gera um impacto positivo no combate ao alcoolismo e surge como um importante compromisso à saúde, aproveitando um período no qual as pessoas estão focadas em definir metas para os 365 dias do ano. “Muitas metas estão associadas à mudança no estilo de vida, à saúde física e mental, à inclusão da redução do consumo de bebidas. Reforçar a conscientização sobre o consumo excessivo de álcool auxilia a população na compreensão dos seus efeitos negativos”, destaca ela.

Asscom Unit

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