Em um momento histórico para os povos indígenas do Brasil, a Constituição brasileira foi traduzida pela primeira vez para uma língua indígena, o nheengatu. A iniciativa, patrocinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), teve seu lançamento oficial nesta quarta-feira (19) na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), localizada no município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas.
A presidente do STF, ministra Rosa Weber, presente no evento, enfatizou a importância desse marco. Segundo ela, a tradução da Constituição para o nheengatu simboliza o compromisso do país em garantir que todos os povos indígenas tenham acesso à justiça e conhecimento das leis que regem o Brasil. Essa ação visa fortalecer a participação dos indígenas nas esferas política, social, econômica e jurídica.
A tradução para o nheengatu foi realizada por um grupo de 15 indígenas bilíngues das regiões do Alto Rio Negro e Médio Tapajós, em consonância com o marco da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) estabelecido pelas Nações Unidas. De acordo com o Censo de 2010, o último levantamento sobre línguas indígenas no Brasil, as 305 etnias do país preservam 274 idiomas.
A ministra Rosa Weber afirmou que as línguas indígenas conseguiram sobreviver ao longo do tempo, apesar dos sucessivos ataques desde o período da colonização. Ela destacou a importância de preservar e defender a diversidade linguística brasileira para a construção de uma sociedade plural e inclusiva.
Os indígenas presentes na cerimônia celebraram a tradução da Constituição como um marco histórico. Lucas Marubo, do povo marubo, enfatizou que essa iniciativa abre um precedente para que outros povos também tenham seus direitos traduzidos. Ele afirmou que é um momento importante para todos os povos indígenas do Brasil.
Inory Kanamari, tradutora e representante do povo kanamari, destacou que ela é a primeira indígena de sua etnia a exercer a advocacia. Ela enfatizou a importância de ouvir as línguas indígenas em todos os espaços, destacando a diversidade imensa do país e a necessidade de inclusão.
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