(*) Por. Carlos Cauê – publicitário
Manter-se o quadro atual para as eleições de 2026, a disputa para o governo do estado parece encaminhar-se de modo sereno — se é que em política há cenários serenos — visto que até agora a oposição patina na decisão basilar de apontar um contendor para o governador Fábio Mitidieri, que vem consolidando exponencialmente seu nome, fortalecendo-se eleitoralmente em todos os aspectos e não deixando brecha para fragilidades que possam incentivar adversários. Talvez, essa a razão do (ainda) vácuo para a disputa vindoura.
Já no campo da disputa pelo Senado as coisas são inversas. Aliás, para o Senado e para a posição de vice-governador(a). A diferença aqui é que, enquanto a contenda pelo Senado já se situa num plano aberto com diversos pré-candidatos sonhando com o tapete azul, a briga para ser o ou a vice de Fábio se dá imerso em um zeloso silêncio, sem (ainda) balbúrdia ou refregas expostas. Cada personagem ou partido que sonha com essa vaga se move não exatamente nas sombras, mas evitando a possante luz dos holofotes.
A escolha de vices segue caminhos legítimos na política e se explica, muitas vezes, pelo perfil de quem protagonizará a disputa. Em termos gerais, o ou a vice deveria atender ao princípio de complementar, política e eleitoralmente, o candidato a quem coadjuva. Ou seja, completar o candidato a governador naquilo ou nos lugares em que sua força eleitoral não esteja no top da potência, criando assim uma simbiose saudável e producente à chapa. Este é o pensamento mais político, mais eleitoral e, portanto, o mais lógico, claro. Mas a política muitas vezes subverte a lógica.
Considero todos os nomes que se apresentaram ou foram apresentados até o momento para a cadeira de vice como legítimos. Uns, claro, com mais força que outros, coisa natural a esta altura do jogo. Eleitoralmente, tenho simpatia pela ideia de uma mulher na composição da chapa de Fábio a governador, sobretudo pelo empuxo que a participação feminina na política vem alcançando nos últimos tempos, abrindo caminhos e diminuindo a desigualdade num campo marcadamente masculino. Mas, como disse, a política se rege por leis que subvertem suas próprias leis. E é a conjuntura política das disputas que finda determinando as decisões políticas.
A disputa pelo Senado também promete momentos palpitantes nos próximos capítulos. Um time de pesos pesados comparece à arena e todos, a meu ver, possuem chances reais de alcançar êxito nas eleições. Alessandro Vieira, André Moura, Eduardo Amorim, Edvaldo Nogueira, Rodrigo Valadares e Rogério Carvalho representam, queiramos ou não, um belo time de lideranças, construído na política sergipana. Todos, guardadas as peculiaridades de cada um, com uma boa lista de serviços prestados a Sergipe e com habilidades políticas que os credenciam a disputa. Não é à toa que dois deles — Alessandro e Rogério — são senadores que buscam a sua reeleição, e Eduardo Amorim já teve a gloriosa experiência de ser eleito senador por Sergipe em 2010.
Embora a ciranda das pesquisas coloquem um ou outro em posição vantajosa em relação aos demais, o jogo ainda está apenas começando. E há muita água para passar debaixo dessa ponte. Portanto, ninguém pode ser subestimado.
O fato de Alessandro e Rogério serem atuais senadores pode dar a eles certa vantagem. Ou não. É a luta para convencer o eleitorado de que fez a escolha certa há oito anos e pedir a renovação do voto. E se o Brasil e Sergipe mudaram muito nesses oito anos, os dois também tiveram o instrumento de seus mandatos para acompanhar essas mudanças e tornar legítimo, com seu trabalho e atuação política, o voto recebido lá atrás.
Rogério tem um partido forte, que hoje, mais do que nunca, carrega a sua marca política pessoal, e uma trajetória política em Sergipe invejável. Milita desde a adolescência e ao longo de décadas galgou cada posto com esforço e capacidade. Tem um mandato silencioso, enraizado em todo o estado. Na eleição passada para governador fez bonito, embora tenha tropeçado no segundo turno. É um candidato forte, sobretudo pela conjuntura política nacional, que pode mais uma vez cingir as eleições do próximo ano.
Alessandro tem um mandato visível, que vem ganhando luminosidade a cada dia. Uma atuação parlamentar notável. Teve a capacidade e a coragem de recentrar o eixo de seu mandato — obtido numa conjuntura singular do país — e construí-lo em acordo com seus princípios e com o inegável aprendizado que a seara política-parlamentar lhe proporcionou. De um senador quase tímido, sem base política local, Alessandro foi avançando com maturidade para a compreensão de seu papel e soube como ninguém utilizar o seu mandato como um instrumento legítimo de cidadania.
André Moura é uma máquina no sentido positivo do termo. Enorme capacidade de trabalho e de produzir. Um dos políticos mais entranhados no Sergipe profundo. Essa ampla capacidade de trabalhar produtivamente por Sergipe ficou evidente quando foi líder do governo Temer e abarrotou Sergipe de verbas. Fez-se chegar a cada pedacinho de terra do estado, a cada município, cada povoado e construiu um legado de relações políticas que, até hoje, é seu tesouro mais admirável. Se a capacidade de realizar e trazer benefícios para Sergipe for o fator decisivo da eleição, André Moura pontua alto. Mas nem sempre só isso basta.
Edvaldo Nogueira também surge como um nome expressivo na disputa. Prefeito da capital por quatro mandatos, construiu um legado de realizações em Aracaju que ressoa no interior e lhe dão credenciais para se tornar um representante dos sergipanos no Senado. Embora não tenha um partido forte no estado e de ser alertado por todos de que não construiu um relacionamento político que lhe sirva como garantia no agrupamento onde se insere, seu nome é bem considerado pela população, inclusive em lugares onde o ex-prefeito sequer passou. É o efeito Aracaju, que já catapultou tantos líderes num passado longínquo e recente.
Eduardo Amorim conhece bem os bastidores de uma disputa ao Senado. Tem um grupo político consolidado e fiel e que recentemente conquistou a Prefeitura de Aracaju, o que o torna um jogador com chances de também sair-se bem na capital. Além disso, é uma pessoa de quem se fala sempre bem, pela cordialidade, atitude e persona. Talvez por isso, muitos cobram-lhe um excesso de fleuma e gostariam de um vigor mais tangível na disputa, além de uma constatação maior sobre o seu trabalho durante os oito anos em que foi senador.
Rodrigo Valadares é um player da nova política. Liderança jovem, surgida das refregas ideológicas que o país viveu e que ainda perduram, ainda que sem a mesma intensidade. Tem a favor de si a emersão de um setor da direita nacional que se consolida no campo político e que atua eleitoralmente com voz (e voto) unida. Ligado escancaradamente ao bolsonarismo, Rodrigo precisa vencer essa barreira para lograr êxito, pois esse setor da direita vem diminuindo de tamanho, especialmente após os recentes acontecimentos na disputa entre Donald Trump e o governo Lula, e ele sozinho, penso, não seja capaz de patrocinar uma vitória majoritária. Rodrigo é sagaz, sabe se conduzir na seara política e tem energia para reverter quadro e situações.
Tais pontuações que faço aqui estão longe de uma análise acurada sobre cada um dos postulantes. Aliás, há outros nomes que se apresentam à disputa. Neste artigo quis apenas tratar desses contendores. E são apenas traços gerais que faço a partir de uma observação muito particular. Repito: todos têm chance.
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