Especialista destaca a importância desta terapia na qualidade de vida do paciente
O mês de abril é dedicado à conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A campanha nacional valoriza o diagnóstico precoce, os tratamentos, o respeito e os direitos da pessoa com TEA. No procedimento, uma equipe multidisciplinar é envolvida. E, dentre os vários profissionais de saúde, o terapeuta ocupacional destaca-se no desenvolvimento dos pacientes.
O terapeuta ocupacional tem um papel essencial no desenvolvimento da autonomia e da qualidade de vida da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com a professora do curso de Terapia Ocupacional da UNINASSAU Aracaju, Geovaneide Reis, esse profissional atua ajudando o paciente a desenvolver habilidades necessárias para realizar atividades do dia a dia, como higiene pessoal, alimentação, organização, interação social e participação em ambientes escolares ou sociais. “O objetivo é promover independência e funcionalidade, respeitando as necessidades individuais”, explica.
Quando a terapia deve ser iniciada?
O acompanhamento com o terapeuta ocupacional pode e deve ser iniciado assim que houver suspeita ou confirmação do diagnóstico de TEA. A intervenção precoce é fundamental, pois o cérebro da criança está em fase de desenvolvimento, tornando os resultados mais efetivos. “Quanto mais cedo começar, maiores as chances de avanços significativos nas habilidades e no comportamento”, diz a professora.
Quem determina a quantidade de terapias necessárias para cada paciente?
A frequência e a duração das terapias são determinadas pela equipe multidisciplinar que acompanha o paciente. Geralmente, é composta por neurologista, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e outros profissionais, conforme o caso. “Deve-se levar em consideração a avaliação individual, as necessidades e os objetivos terapêuticos. Esse plano pode ser ajustado ao longo do tempo, de acordo com a evolução da pessoa”, explica a professora.
Quais são as habilidades desenvolvidas durante as sessões?
De acordo com Geovaneide, durante o atendimento, são desenvolvidas diversas habilidades importantes para a autonomia e qualidade de vida da pessoa com TEA. As sessões trabalham as coordenações motoras fina e grossa, estimulando movimentos precisos e amplos necessários para atividades do dia a dia, sempre focando na ocupação prejudicada do paciente.
Também são desenvolvidas habilidades sensoriais e perceptivas, ajudando o paciente a lidar melhor com estímulos do ambiente. A comunicação e a interação social são incentivadas por meio de estratégias que promovem o contato visual, a troca de turnos e o uso funcional da linguagem. Além disso, trabalha-se o planejamento motor e a organização, fundamentais para realizar tarefas com sequência lógica.
A terapia também foca nas atividades da vida diária (AVD’s), como alimentação, higiene e vestuário, promovendo maior independência e autonomia. Além disso, há as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD’s): brincar, descanso, sono, dentre outras ocupações. “As regulações emocional e comportamental são estimuladas para que a criança possa lidar com frustrações, mudanças de rotina e diferentes contextos sociais de forma mais tranquila e segura”, comenta Geovaneide.
Quais as abordagens terapêuticas mais utilizadas durante as sessões?
São utilizadas diversas abordagens terapêuticas baseadas em evidências, escolhidas de acordo com as necessidades e características de cada paciente. A Integração Sensorial (IS) é uma das mais comuns, auxiliando o indivíduo a organizar e processar os estímulos do ambiente de forma mais adequada. A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é amplamente utilizada para promover comportamentos positivos e funcionais por meio do reforço e da repetição estruturada.
Já o método TEACCH se baseia na estruturação do ambiente e no uso de recursos visuais para facilitar a compreensão e a realização das tarefas do dia a dia. A abordagem DIR/Floortime foca na construção de vínculos emocionais e no desenvolvimento da comunicação por meio da interação e do brincar espontâneo. “Além dessas, os terapeutas também utilizam estratégias lúdicas e funcionais, adaptadas à realidade e aos interesses da criança, tornando o processo terapêutico mais significativo, prazeroso e eficaz”, finaliza.