Pular para o conteúdo
Polícia da Venezuela ameaça Brasil em postagem com imagem de Lula: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”

Polícia da Venezuela ameaça Brasil em postagem com imagem de Lula: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”

Publicação ocorre em meio a crise diplomática entre os governos de Lula e Nicolás Maduro após veto à entrada da Venezuela nos Brics

Em uma escalada das tensões diplomáticas entre Brasil e Venezuela, a Polícia Nacional da Venezuela postou nas redes sociais uma imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com uma mensagem ameaçadora: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”. O conteúdo ganhou grande repercussão, acendendo ainda mais a disputa que já se intensificava desde a negativa do Brasil em apoiar a entrada da Venezuela no bloco econômico dos Brics. Entenda o contexto e os desdobramentos dessa crise.

Postagem da Polícia Venezuelana Ameaça Brasil

A publicação, que traz uma foto borrada de Lula em frente à bandeira brasileira, reflete o crescente descontentamento do governo de Nicolás Maduro com o Brasil. Na legenda da postagem, a frase ameaçadora foi interpretada como uma resposta ao veto brasileiro à entrada da Venezuela no bloco dos Brics, o grupo que reúne as principais economias emergentes.

A negativa veio após o Itamaraty, sob a orientação direta de Lula, bloquear a solicitação de adesão venezuelana, mesmo com o apoio da Rússia, país que atualmente preside o bloco. A decisão do Brasil acentuou as tensões, culminando na publicação dessa mensagem intimidadora por parte das autoridades de segurança venezuelanas.

Entenda a Crise: Por que o Brasil Vetou a Venezuela nos Brics

A exclusão da Venezuela do grupo dos Brics ocorre em um momento delicado da diplomacia sul-americana. Desde as eleições de julho na Venezuela, cujos resultados são questionados por líderes internacionais, o Brasil manifestou desconfiança quanto à legitimidade do processo eleitoral conduzido pelo governo Maduro. Em resposta, autoridades brasileiras, incluindo o presidente Lula, solicitaram ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela que divulgasse as atas detalhadas do pleito, gerando irritação em Caracas.

Durante a recente Cúpula dos Brics, realizada em Kazan, na Rússia, entre 22 e 24 de outubro, Nicolás Maduro declarou que a Venezuela “faz parte desta família dos Brics” e expressou interesse em integrar o bloco econômico. No entanto, conforme apurou o analista de Internacional da CNN, Américo Martins, Lula determinou que o Itamaraty bloqueasse essa solicitação, exigindo consenso entre os membros para a entrada de um novo integrante. Essa decisão causou grande desconforto ao governo venezuelano, que viu na postura do Brasil um alinhamento com políticas estadunidenses.

Desdobramentos e Reações Diplomáticas

Em resposta ao bloqueio, Nicolás Maduro expressou publicamente sua insatisfação, afirmando que “ninguém cala a Venezuela” e que aqueles que tentam impedir o país “se darão mal”. O presidente venezuelano ainda acusou o Itamaraty de “conspirar” contra a Venezuela e sugeriu um vínculo estreito entre a diplomacia brasileira e o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Outro episódio que alimentou o clima de tensão foi o pedido de convocação do embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para consultas, uma medida diplomática que sinaliza forte protesto. Caso Maduro retire definitivamente seu embaixador de Brasília, isso pode significar uma ruptura nas relações diplomáticas entre os dois países.

A situação foi agravada com a declaração do presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, que sugeriu declarar Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, como persona non grata na Venezuela, o que poderia minar ainda mais as relações diplomáticas entre as nações.

Apostas do Governo Brasileiro e Próximos Passos

O governo brasileiro, representado por Celso Amorim, contestou as acusações, afirmando que o Brasil estava sendo injustamente criticado por vetar a adesão venezuelana aos Brics. No entanto, com a escalada de trocas de declarações, o Itamaraty adota uma postura cautelosa, monitorando o desenvolvimento dos conflitos e tentando evitar um rompimento completo nas relações.

Enquanto isso, a resposta brasileira ainda é aguardada, com autoridades consultando especialistas para decidir os próximos passos na crise. Em meio a essa tensão, a relação entre Brasil e Venezuela passa a enfrentar um momento de incertezas, com impactos potencialmente significativos na política sul-americana.

Conclusão

A recente crise diplomática entre Brasil e Venezuela pode representar uma reviravolta na relação entre os países da América do Sul. A postagem ameaçadora da Polícia Nacional da Venezuela evidencia um tom de conflito aberto e uma postura de desafio frente ao Brasil, cujo governo busca, até o momento, manter uma abordagem moderada. As próximas semanas serão decisivas para a definição do rumo dessa disputa, com impactos não apenas para os dois países, mas também para toda a geopolítica regional.