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Prêmio Pipiri homenageia mães de pessoas com deficiência

Prêmio Pipiri homenageia mães de pessoas com deficiência

O evento acontece na Semana da Acessibilidade, em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro

O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPCD), em parceria com a Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Assistência Social, promoveu na tarde desta quinta-feira, 21, a 15ª Edição do Prêmio Pipiri, com o tema “Equidade e Direitos: mães quebrando barreiras”. O evento aconteceu no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE) e contou com a presença de diversas autoridades e representantes de órgãos de defesa dos direitos da pessoa com deficiência.

O evento acontece na Semana da Acessibilidade, em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro. Nessa edição, o prêmio homenageia e reconhece a luta de mães de pessoas com deficiência assistidas e indicadas por instituições vinculadas ao Conselho, uma forma de reconhecer a luta dessas mulheres por uma sociedade mais inclusiva e que garanta os direitos às pessoas com deficiência. Na oportunidade, o evento contou com a apresentação do Coral Terceira Visão da Associação dos Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise).

A secretária da Assistência Social, Simone Santana, fala da oportunidade de homenagear mães que lutam diariamente pela defesa e promoção dos direitos das pessoas com deficiência, reconhecendo seu importante papel na sociedade.

“Mães que derrubam barreiras são mães que acordam e dormem com os desafios que a vida colocou. Falo desafios porque ainda não temos uma sociedade preparada pra garantir direitos a essas pessoas. É uma luta constante do poder público, das instituições que trabalham com pessoas com deficiência, pois sozinhos não conseguimos. Essas mães têm uma rede de apoio pra contar, que ainda precisa melhorar muito, que precisa buscar novas estratégias diante das deficiências que nos aparecem”, diz a secretária da Assistência Social.

Para a presidente do CMDPCD, Natália Vasconcellos, é uma oportunidade de trazer à tona um tema tão importante, que são os direitos das pessoas com deficiência, marcado pelo Dia Nacional e Municipal de Luta da Pessoa com Deficiência.

“Todos os dias são dias das pessoas com deficiência, são dias de luta. Esse ano a gente traz uma edição mais que especial, que é homenageando as mães de pessoas com deficiência. Até porque, quando nasce um filho, nasce uma mãe, especialmente, quando nasce um filho com deficiência. A mãe é quem mergulha de cabeça em todas as dificuldades do filho, enfrenta as barreiras, vai à luta mesmo pra reduzir cada vez mais as dificuldades que esse filho enfrenta”, destaca a presidente.

A secretária Municipal da Saúde, Waneska Barboza, participou do evento e falou sobre a emoção de um dia que homenageia mulheres que, em muitas vezes, são mães solo e que superam diversos desafios diariamente para ofertar o melhor ao seu filho com deficiência.

“Hoje, as pessoas com deficiência representam cerca de 25% das pessoas. Isso corresponde a uma quantidade muito grande de pessoas e a gente sabe que, diariamente, nos deparamos com o aparecimento de novas doenças e que precisamos ir nos adequando, adequando a sociedade e o poder público, para que possamos atender da melhor forma essas pessoas. É muito gratificante poder estar aqui, homenagear essas mães e poder escutar para que possamos pensar juntos como nós podemos apoiar e melhorar ainda mais a vida dessas pessoas”, pontua a secretária.

Homenagens

O Prêmio Pipiri homenageou mães indicadas por diversas instituições parceiras do Conselho Municipal, entre elas a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Associação dos Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise), a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB), o Centro de Integração Raio de Sol (Ciras), Instituto Pedagógico de Apoio à Educação do Surdo de Sergipe (Ipaese), o Centro Especializado para Pessoas com Deficiência (Centro DIA) e da sociedade civil, como as mães de autistas.

A professora de inglês, Íris de Vita, foi uma das mães homenageadas. Integrando o grupo de mães de autistas, Íris é mãe do pequeno Bento de Vita, de cinco anos, diagnosticado com uma síndrome tão rara que não tem um nome, é chamada pela quebra da deleção do cromossomo 1q43q44. Para ela, receber o Prêmio Pipiri é uma forma se sentir enxergada pela sociedade.

“Nós que nos sentimos invisíveis em tantos momentos, entre mães, sempre dizemos “eu vejo você, eu sou você”. A gente ser vista também pela sociedade em um momento como esse faz a gente parar pra refletir, a gente corre tanto, às vezes não tem tempo nem de respirar direito e quando chega aqui e ouve as outras histórias e se sente prestigiada, é um momento de emoção, de felicidade, de reflexão para os próximos passos. A gente não pode parar, mas a gente tem que comemorar o que já alcançou, cada um dentro da sua realidade. Acredito que todo mundo vem conquistando, dentro das suas possibilidades e contextos diversos, assim como é a deficiência. A deficiência é parte da diversidade humana e é assim que a gente tem que entender”, conta a professora.

A advogada Catharina Menezes é mãe atípica e foi homenageada pela sua luta pela garantia de direitos de pessoas que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mãe de João Matheus, de 12 anos, autista nível 1 de suporte, ela diz que o maior desafio é fazer as pessoas entenderem que o autismo é uma maneira diferente de ver o mundo.

“Pra mim representa uma alegria muito grande, afinal reconhecimento é sempre bom, a luta continua, claro. Mas esse prêmio demonstra que estamos no caminho certo, estamos evoluindo, muita coisa ainda tem pra fazer e a gente ainda vai lutar bastante. A luta é diária, da hora que a gente acorda até a hora que a gente dorme, e vamos continuar nesse caminho”, garante Catharina.

A advogada e conselheira do CMDPCD, Auriza Alves, foi a homenageada surpresa do dia. Mãe solo de Vitória, que tem 18 anos, possui síndrome de down e autismo, Auriza mergulhou de cabeça na causa e dá uma enorme contribuição para o CMDPCD, sempre pronta a ajudar a todos.

“Foi uma emoção muito grande, eu estou anestesiada. Primeiro que eu não sabia que seria homenageada, foi realmente uma surpresa, foi uma emoção e vou levar para o resto da minha vida. Vitória é a única responsável pela minha luta, porque até então eu não sabia o que era autismo, não tinha a menor noção do que era síndrome de down, e hoje a minha luta é por todas as crianças e todas as pessoas com deficiência, não só de Vitória. Por isso, estou na OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], na Comissão de Pessoa com Deficiência, para ajudar todos aqueles que mereçam e a todos que precisam. É uma luta diária, Vitória tem 18 anos, então são 18 anos diários”, conta, emocionada.

Prêmio Pipiri

A premiação leva o nome de Pipiri em homenagem ao artista popular Humberto Santos, nascido em Penedo (AL), na década de 1930, e que veio muito cedo para Sergipe. Conhecido como Pipiri, ele possuía deficiência intelectual e, ainda jovem, foi aposentado sob a justificativa de ser “débil mental”. Entrou no alcoolismo devido a todo processo de discriminação e preconceito que sofreu.

Ficou conhecido como “Boca do Inferno Sergipano”, uma alusão a Gregório de Matos, pois como forma de criticar a sociedade e a política sergipana, usava a sátira em seus textos. Dedicou-se à realização de shows em praças, teatros e educandários, com apresentações de imitações e anedotas, e foi considerado o “Maluco de Deus” por crianças e adolescentes.

Dia de Luta

O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi instituído pela lei nº 11.133 de 2005 com o objetivo de conscientizar a população para o respeito aos direitos da PcD e o desenvolvimento de políticas públicas e meios de inclusão dessas pessoas na sociedade.

Imprensa24h

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