Professoras e pesquisadoras divulgam pesquisas científicas em escolas públicas de ensino médio da capital e do interior, estimulando o estudo nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática
A atração de mais mulheres e meninas para as carreiras e profissões da área de ciências exatas está sendo incentivada por um projeto desenvolvido com a participação de professoras e pesquisadoras da Universidade Tiradentes (Unit). A chamada Rede Brasileira de Mulheres na Nanociência está realizando visitas de cientistas a escolas do Ensino Médio, divulgando pesquisas e estimulando que as alunas a aprofundarem seus estudos em disciplinas relacionadas à área STEM, sigla em inglês para Science (Ciências), Technology (Tecnologia), Engineering (Engenharias) and Maths (Matemática).
Um dos primeiros passos neste sentido em Aracaju foi dado nesta terça-feira, 26, quando cerca de 30 estudantes do Colégio Estadual Ministro Petrônio Portela, pertencente à rede estadual de ensino e situado no Conjunto Augusto Franco, fizeram uma visita guiada ao Campus Farolândia da Unit, com destaque para o Tiradentes Innovation Center e para o seu Tiradentes Fab Lab, espaço de prototipagem e fabricação digital voltado para o desenvolvimento dos mais variados projetos. A atividade é um desdobramento da Rede Brasileira de Mulheres na Nanociência, que congrega pesquisas realizadas por mulheres cientistas em todo o país no estudo e manipulação de materiais em escala atômica e molecular.
A professora Juliana Cordeiro Cardoso, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA), responsável pela Rede de Nanotecnologia na Unit, explica que o projeto conta com apoio e financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). “O objetivo geral deste projeto é colocar meninas estudando matemática, engenharia e a parte de exatas, porque é uma área que tem menos equidade de gênero, com mais homens que mulheres trabalhando”, diz.
Ela acrescenta que uma maior presença feminina na ciência representa um momento de desconstrução da forma como os gêneros estão socialmente construídos na sociedade. “Quando a gente tem desconstrução, tem novidade, inovação e coisas diferentes. Tanto é que uma pessoa nasce de um homem e de uma mulher. Com isso, no campo das exatas, que tem muito a presença masculina, é necessária a presença feminina para que essa energia diferente, com outro olhar, consiga construir coisas novas, diferentes, com outro tipo de argumento”, considera Juliana.
Outras professoras participam desta ação, levando seus projetos para escolas públicas de Aracaju e de cidades do interior, como Ribeirópolis, Moita Bonita e São Miguel do Aleixo. Entre elas, que fazem parte do próprio projeto do CNPq e também da Rede Sergipana de Mulheres na Ciência (Rede SEMCI), estão as docentes Cláudia Moura de Melo, que desenvolve uma pesquisa na área de doenças negligenciadas; e Cleide Mara Faria Soares, cujo projeto envolve o processamento do licuri e a extração do óleo para a fabricação de sabonetes e cosméticos. Em outro momento, mais à frente, as alunas destas escolas são convidadas para visitar e acompanhar atividades nos laboratórios da Unit e do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), onde as pesquisas acontecem.
A visita
Embora o foco do projeto esteja nas meninas e mulheres, a visita guiada dos alunos do Petrônio Portela contou também com a presença dos alunos. Isto porque esta etapa é considerada um momento de sensibilização, com um primeiro contato com a universidade. “É para eles entenderem o que é ciência, o que é a universidade, para que serve, o que é esse lugar que eles estão visitando… e entenderem que esse lugar é deles também. Que mesmo sendo alunos de escola pública, eles têm o ProUni e outras políticas públicas que podem trazê-lo aqui pra dentro, e que eles podem sonhar a ser advogados, cientistas, o que eles quiserem”, diz a professora da Unit.
A sensibilização atiçou a curiosidade de alunos e alunas. Uma delas, Letícia Vitória Rodrigo Santos, do primeiro ano do Ensino Médio, que encontrou nas ciências exatas uma relação com a profissão que quer seguir no futuro: Medicina. “O que me chama mais a atenção é a Medicina, mas saber que as exatas também trabalham bastante na medicina é muito interessante. A Unit em si me chamou muita atenção. É uma experiência única. Está sendo tudo novo pra gente”, diz.
Já a colega que a acompanhava, Damares Domingos de Oliveira, igualmente do primeiro ano, não pretende seguir a área de exatas, mas também ficou curiosa e impressionada com o que viu na Unit. “É a primeira vez que eu estou visitando aqui. Eu achei interessante trazer a gente para esse local, porque aqui nós conseguimos ver outros ares, outras áreas. Até, às vezes, a pessoa não sabe qual carreira quer seguir. E aí, ao conhecer, pode criar um interesse. Aí eu acho bastante bacana”, considera.
Para a estagiária Wine Camille Carvalho Santos, que acompanhava os estudantes da Petrônio Portela, a atividade acrescentou muitos conhecimentos e pode ajudá-los a definir seu futuro profissional. “No ensino médio, os alunos têm muita dúvida do que fazer depois da escola e muitos não têm perspectiva do futuro. Então, a oportunidade de vir aqui é uma oportunidade de pensar em viver algo mais à frente, conhecer um mundo diferente e a oportunidade de estudar e conhecer mais”, observa.
Gabriel Damásio
Asscom Unit
A visita dos alunos do Colégio Petrônio Portela, em Aracaju, faz parte de um projeto que incentiva o ensino das ciências exatas para meninas, e que conta com a participação de professoras da Unit (Asscom Unit)
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