As rendeiras do município de Divina Pastora, localizado no leste de Sergipe, conquistaram o cenário internacional ao participarem pela primeira vez da Rodada Internacional de Negócios, um evento que faz parte da Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), ocorrendo até 1º de outubro no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. A ação foi intermediada com sucesso pela Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), com o objetivo de impulsionar a exportação do artesanato sergipano.
Mais de 58 representantes de rendeiras de todo o Brasil estão participando da rodada promovida pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), entre eles, as sergipanas da Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin). Durante o evento, a renda irlandesa produzida em Sergipe conquistou o interesse de compradores de diversos países, incluindo a Irlanda, China, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Áustria.
Jorge Teles, secretário da Seteem, expressou seu entusiasmo com as perspectivas de exportação: “Em breve, com o apoio da Apex, estaremos tramitando todo esse processo para que a nossa renda irlandesa seja exportada para esses países. O nosso produto foi destaque durante essa rodada de negócios como um produto exclusivo, como uma renda que o único lugar do mundo em que ela é feita é no Estado de Sergipe, no município de Divina Pastora e nos municípios circunvizinhos como Laranjeiras, Maruim e Nossa Senhora do Socorro.”
Além da promoção do escoamento de produtos, a participação do artesanato sergipano na Fenacce, considerada uma das maiores feiras do país, também é valorizada pela troca de experiências e pelo alcance internacional. Teles ressalta o compromisso do governo estadual em valorizar o artesanato sergipano e lembra das ações em apoio à categoria, como o caminhão-baú destinado para transporte de produtos artesanais.
Um dos elogios mais destacados à renda irlandesa veio de um potencial comprador representante da China, que afirmou: “Acredito que esse material, no mundo todo, pode ser internacionalizado muito bem e muito provavelmente será acolhido nos mercados de outros países. Acredito que este estilo de arte é muito importante e necessária.”
Experiência e Reconhecimento
Para Neidiele Silva, presidente da Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin), a participação na rodada de negócios foi um marco histórico para a renda irlandesa de Divina Pastora. “Foi escrito um capítulo na história da renda irlandesa de Divina Pastora. Um capítulo muito positivo. Nunca tínhamos participado de uma rodada de negócios com vários países interessados. Para a renda irlandesa e para as rendeiras de Divina Pastora isso foi uma honra. A gente vem há anos lutando. E agora tivemos essa valorização, ao ouvir que o nosso produto, a nossa arte é de qualidade e ela conseguiu encantar várias pessoas de vários países. É muito gratificante.”
A Renda Irlandesa produzida em Divina Pastora é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). Há mais de um século, a singularidade do saber-fazer e o conhecimento transmitido de geração em geração marcam as histórias das rendeiras sergipanas, que veem nesse artesanato não apenas o sustento de suas vidas, mas também o fortalecimento da cultura e das tradições locais.
As expectativas são positivas, e Neidiele enfatiza a importância do apoio do governo estadual por meio da Secretaria do Trabalho: “A gente já tinha participado de rodadas de negócios, mas com interesses locais. A intermediação da Secretaria foi fundamental, porque conseguiu com maestria direcionar e mostrar, juntamente conosco, a importância do trabalho, a riqueza que tem, que não é só um produto, na verdade. É um produto, sim, mas que tem todo um contexto histórico. São vidas que são transformadas através deste produto.”