Sergipe registra superávit comercial histórico com os EUA e enfrenta desafios com tarifas americanas

Sergipe alcança superávit comercial de US$ 16,7 milhões com os EUA no primeiro semestre de 2025, mas tarifas americanas ameaçam exportações do estado.

Sergipe conquistou um feito histórico ao registrar superávit comercial com os Estados Unidos no primeiro semestre de 2025, com exportações que somaram US$ 54,5 milhões (aproximadamente R$ 303,5 milhões), representando 31,35% da pauta exportadora do estado. Apesar do avanço, o aumento das tarifas comerciais impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros, que podem chegar a 50%, ameaça impactar significativamente a economia sergipana.

De acordo com a nota técnica da Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE), o saldo comercial entre Sergipe e os Estados Unidos passou de um déficit superior a US$ 75 milhões em 2023 para um superávit de US$ 16,7 milhões nos primeiros seis meses de 2025. Esse crescimento coloca Sergipe entre os 20 estados brasileiros que mais exportam para o mercado americano, destacando-se os setores de petróleo e sucos cítricos.

Entretanto, a pauta exportadora sergipana apresenta alta concentração: quase 90% das vendas para os EUA são compostas por petróleo bruto e suco de laranja congelado, produtos que enfrentam tarifas de até 50%. A imposição dessas barreiras pode acarretar uma perda de até US$ 100 milhões (cerca de R$ 550 milhões), impactando fortemente a receita estadual. O estudo da Desenvolve-SE alerta para a vulnerabilidade econômica de Sergipe diante da dependência de poucos produtos e mercados, o que pode comprometer a competitividade local e resultar em uma queda de até 0,25% no PIB estadual, especialmente no setor de sucos cítricos.

Além disso, o estado importa principalmente insumos energéticos, como gás natural liquefeito e coque de petróleo, representando mais de 90% das compras do mercado internacional, o que reforça a necessidade de diversificação e fortalecimento da economia local.

Para mitigar esses riscos, a Desenvolve-SE propõe estratégias voltadas à diversificação da pauta exportadora e à agregação de valor aos produtos sergipanos. Entre as alternativas, está o aproveitamento de subprodutos da laranja, como óleos essenciais e farelos para ração animal, além da atração de indústrias dos setores de cosméticos e alimentos que utilizem esses insumos. Outra frente importante é a participação na Chamada Nordeste, iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que apoia investimentos em inovação, sustentabilidade e modernização industrial.

O presidente da Desenvolve-SE, Milton Andrade, reconhece os desafios impostos pelas tarifas americanas, mas reforça o compromisso com a busca de soluções: “Fomos pegos de surpresa, mas montamos um grupo de trabalho para mapear os impactos e traçar estratégias. O impacto será sentido, é inevitável, mas nosso papel é buscar alternativas. A Agência já iniciou contato com empresas da cadeia produtiva para ajudar na abertura de novos mercados e mitigar os efeitos.”

A agência defende ainda a criação de um grupo de trabalho permanente em Sergipe, reunindo representantes do setor produtivo, instituições financeiras, universidades e órgãos de fomento, para estruturar uma agenda integrada que fortaleça as exportações estaduais com inteligência, inovação e sustentabilidade.

O portal Imprensa 24h acompanha de perto essas movimentações econômicas que impactam diretamente Sergipe e destaca a importância da transparência e do planejamento estratégico para o futuro do comércio exterior do estado.

Confira a nota técnica completa no site oficial da Agência Sergipe de Desenvolvimento – Desenvolve-SE