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STF retoma julgamento do marco temporal para demarcação de terras indígenas

STF retoma julgamento do marco temporal para demarcação de terras indígenas

Nesta quarta-feira, 20 de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento crucial sobre a constitucionalidade do marco temporal para a demarcação de terras indígenas no Brasil. Essa questão, que tem gerado intensos debates e tensionamentos sociais, foi interrompida em 31 de agosto, quando o ministro Luís Roberto Barroso, o último a votar sobre o tema, proferiu seu voto contrário ao marco. Até o momento, o placar do julgamento se encontra em 4 votos a 2 contra a tese do marco temporal.

Os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin já se manifestaram contrários ao marco temporal, enquanto Nunes Marques e André Mendonça defenderam a sua constitucionalidade.

Alexandre de Moraes, embora tenha votado contra o limite temporal, trouxe uma perspectiva diferente, estabelecendo a possibilidade de indenização a particulares que adquiriram terras de “boa-fé”. Segundo essa interpretação, a indenização seria aplicável aos proprietários que receberam do governo títulos de terras que deveriam ser consideradas como áreas indígenas.

No entanto, essa possibilidade de indenização tem sido objeto de críticas por parte do movimento indigenista. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) classificou a ideia como “desastrosa” e argumentou que ela poderia inviabilizar as demarcações de terras indígenas. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também expressou preocupação, alegando que essa possibilidade poderia agravar os conflitos no campo.

Entendendo o marco temporal

O cerne do julgamento no STF gira em torno do chamado marco temporal. Segundo essa tese, defendida principalmente por proprietários de terras, os indígenas só teriam direito às terras que estavam em sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estivessem em disputa judicial naquela época. Os povos indígenas, por sua vez, contestam esse entendimento.

O processo que deu origem a essa discussão está relacionado à disputa pela posse da Terra Indígena (TI) Ibirama, localizada em Santa Catarina. Essa área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e parte da terra é questionada pela procuradoria do estado.

O julgamento no STF é visto como um marco importante na luta pelos direitos indígenas e na definição do processo de demarcação de terras no Brasil. A decisão que o tribunal tomará terá implicações significativas não apenas para as comunidades indígenas, mas também para a proteção do meio ambiente e para a estabilidade social do país. Acompanharemos de perto os desdobramentos desse julgamento que tem sido alvo de atenção nacional e internacional.

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