Com as eleições municipais marcadas para o próximo domingo (27), a Venezuela se aproxima de um novo marco autoritário sob o governo de Nicolás Maduro. Um ano após enfrentar sua maior ameaça política, o presidente venezuelano se prepara para consolidar seu domínio sobre todas as esferas do poder, eliminando os últimos espaços da oposição. A palavra-chave Venezuela eleições 2025 dá o tom do cenário atual, onde o medo substituiu a esperança e a democracia continua em declínio, como mostra a análise do portal Imprensa 24h.
A expectativa é que o partido governista de Maduro conquiste até mesmo os cargos mais locais, como câmaras municipais e prefeituras, repetindo o que aconteceu em maio, quando o chavismo assegurou maioria qualificada no Parlamento. Essa expansão não reflete um apoio popular renovado, mas sim o efeito de uma estratégia sustentada de repressão e silenciamento da oposição liderada por María Corina Machado — que hoje vive escondida, enquanto seu substituto na eleição presidencial de 2024, Edmundo González, permanece exilado na Espanha.
De acordo com o Foro Penal, a Venezuela mantém hoje cerca de 800 presos políticos. Apenas nas 72 horas seguintes à libertação de 48 opositores como parte de um acordo com os Estados Unidos, ao menos 20 novas detenções e desaparecimentos foram registrados. A troca envolveu ainda 10 prisioneiros norte-americanos em troca da deportação de 250 venezuelanos de volta ao país — um gesto interpretado como uma vitória diplomática de Maduro, que agora negocia diretamente com Washington.
Em Caracas, o clima de censura é perceptível até mesmo em espaços sociais como bares e restaurantes. Muitos venezuelanos evitam discutir política em público, temendo vigilância e possíveis represálias. Nas ruas da capital, os agentes de migração vestidos como forças especiais e cartazes oferecendo recompensa de US$ 100 mil por opositores deixam claro que a intimidação permanece ativa.
Ainda que Maduro comemore 17 trimestres consecutivos de crescimento econômico, os sinais de deterioração voltaram a aparecer. A inflação mensal atingiu 26% em maio, segundo o observatório financeiro da oposição — o índice mais alto desde janeiro de 2023. O governo, por sua vez, deixou de publicar dados oficiais, ao passo que economistas independentes enfrentam crescente repressão.
A crise atinge também o setor petrolífero, pilar da economia venezuelana. Desde a interrupção das operações da Chevron, responsável por quase um quarto da produção nacional de petróleo, analistas preveem queda nos próximos meses. Mesmo assim, a vice-presidente Delcy Rodríguez afirma que a produção “está crescendo, com ou sem licença”.
Segundo o pesquisador Will Freeman, do Conselho de Relações Exteriores, o atual momento é o mais estável para o regime de Maduro desde que assumiu o poder. “Ele está em sua posição mais forte de todos os tempos”, declarou ao reforçar que a ausência de oposição significativa consolida ainda mais o poder chavista.
Em campanha pela prefeitura de Caracas, Jorge Barragán, de apenas 27 anos, descreveu um sentimento generalizado de desesperança: “Vemos pessoas desligadas da política, frustradas por não terem visto mudanças reais”. Ele é apoiado pelos partidos de oposição que ainda participam do pleito, embora a maioria não incentive abertamente o boicote.
A Plataforma Unitária, que representa parte da oposição, divulgou nota afirmando que o voto dos venezuelanos foi sistematicamente desrespeitado e reiterou que a vontade popular já havia sido expressa nas eleições de 2024 — em que a oposição afirma ter vencido, mas teve o resultado invalidado.
Com os olhos da comunidade internacional voltados para os novos desdobramentos, a Venezuela vive um momento decisivo para sua democracia, em meio à reconstrução do autoritarismo e à fragmentação da resistência civil. O portal Imprensa 24h continuará monitorando os desdobramentos do processo eleitoral e os impactos diretos na vida da população venezuelana e nas relações diplomáticas com o Brasil e o mundo.
Venezuela vai às urnas em meio a repressão e crise econômica. Maduro consolida poder e oposição é silenciada antes das eleições municipais.