O Brasil enfrenta um desafio duplo no século XXI: a luta contra o analfabetismo tradicional e, cada vez mais urgente, o combate ao analfabetismo digital. A incapacidade de acessar, interpretar e utilizar informações digitais de maneira crítica tem impactos profundos na vida social, política e econômica do país, especialmente em tempos de redes sociais dominadas por fake news.
O que dizem os números
Segundo a TIC Domicílios 2023, pesquisa referência sobre o uso da internet no Brasil:
28% dos brasileiros com acesso à internet admitem dificuldades em realizar tarefas básicas online, como preencher formulários ou identificar informações confiáveis.
15% da população adulta se declara incapaz de realizar tarefas digitais mais complexas, como reconhecer um golpe digital ou avaliar a veracidade de uma notícia online.
20% dos brasileiros que utilizam redes sociais dizem não checar a veracidade de informações antes de compartilhar.
Além disso, de acordo com o IBGE (PNAD Contínua 2022/2023):
Cerca de 38 milhões de brasileiros não têm acesso regular à internet.
Entre os mais velhos (acima de 60 anos), 44% nunca utilizaram internet ou possuem baixo nível de habilidade digital.
Esses números revelam um quadro preocupante: grande parte da população brasileira ainda está excluída digitalmente ou não sabe navegar de forma crítica no ambiente online.
⚠️ Impacto do analfabetismo digital na era das fake news
A baixa educação digital no Brasil é terreno fértil para a disseminação de fake news. Um levantamento da Kantar IBOPE Media mostrou que:
72% dos brasileiros afirmam já ter acreditado em uma notícia falsa.
62% disseram ter compartilhado informação enganosa sem perceber.
As fake news não impactam apenas eleições, como vimos em pleitos recentes. Elas afetam temas como saúde pública (ex.: campanhas de vacinação), educação e segurança, moldando percepções sociais de forma distorcida.
Esse ambiente de desinformação gera consequências graves:
Polarização política e aumento de conflitos sociais;
Desconfiança nas instituições públicas e científicas;
Decisões pessoais e coletivas baseadas em informações falsas, afetando a saúde, economia e democracia.
A necessidade urgente da educação digital
Para combater esses problemas, especialistas defendem políticas públicas voltadas para:
Educação digital nas escolas (letramento digital desde o ensino fundamental);
Campanhas de conscientização sobre checagem de fatos;
Inclusão digital para idosos e populações vulneráveis.
O desenvolvimento de habilidades como leitura crítica, análise de fontes e verificação de informações são essenciais para a formação de cidadãos preparados para o século XXI.
✍️ Conclusão
O analfabetismo digital no Brasil é mais do que um problema de acesso à tecnologia: é uma questão de cidadania e fortalecimento democrático.
Sem investimentos em educação digital, a sociedade brasileira continuará vulnerável à manipulação e à desinformação.
Vencer o analfabetismo digital é urgente — e é um passo fundamental para construir um futuro mais justo, informado e livre.