O Banco do Brasil (BB) surpreendeu o mercado ao anunciar um recorde de ganhos nos seis primeiros meses do ano. De acordo com o relatório financeiro divulgado recentemente, a instituição registrou um lucro líquido ajustado de R$ 17,3 bilhões no período de janeiro a junho, o que representa um impressionante crescimento de 19,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Em um comunicado oficial, o BB atribuiu esse notável aumento nos lucros a várias estratégias bem-sucedidas, incluindo o crescimento da carteira de crédito com uma composição que reduz o risco de inadimplência. Além disso, o banco destacou a diversificação das receitas, principalmente aquelas oriundas de serviços, bem como o eficiente controle dos gastos como fatores fundamentais para esse resultado positivo.
No segundo trimestre isolado, o lucro líquido ajustado atingiu a marca de R$ 8,8 bilhões, representando um aumento de 11,7% em relação ao mesmo período de 2022 e um incremento de 2,8% em relação ao trimestre anterior. Esse desempenho notável também se refletiu no retorno sobre patrimônio líquido (RSPL), que alcançou 21,4%, um índice equiparado ao de muitos bancos privados.
Um dos destaques notáveis é a expansão da carteira de crédito ampliada, que fechou o mês de junho em R$ 1,045 trilhão, um aumento expressivo de 13,6% em comparação a junho de 2022 e uma elevação de 1,2% em relação ao fim do primeiro trimestre do ano. Surpreendentemente, essa expansão ocorreu mesmo com a manutenção da Taxa Selic (os juros básicos da economia) em 13,75% ao ano durante os seis primeiros meses do ano.
De acordo com o BB, uma parcela significativa desse sucesso deve-se ao crescimento do crédito em conjunto com a manutenção de um índice de inadimplência abaixo da média do Sistema Financeiro Nacional. O índice de operações de crédito com mais de 90 dias de atraso alcançou 2,73%, um patamar mais baixo do que a média do sistema financeiro como um todo.
Ao analisarmos a distribuição por segmentos de crédito, observamos um crescimento impressionante na carteira de pessoa física ampliada, que cresceu 10% em relação a junho do ano anterior e 0,6% em comparação a março deste ano. Um destaque notável nesse segmento é o crédito consignado, que registrou um aumento de 2% no trimestre e um surpreendente crescimento de 9,3% em 12 meses.
Quanto ao crédito destinado às empresas, a carteira pessoa jurídica ampliada expandiu-se em 10,4% ao longo de 12 meses e 2,5% no último trimestre. Os melhores desempenhos foram registrados nas carteiras voltadas para micro, pequenas e médias empresas, que tiveram um crescimento de 1,4% no trimestre e impressionantes 21,8% ao longo de 12 meses, e para as grandes empresas, com crescimentos de 2,9% e 9,3% respectivamente.
O setor do agronegócio também apresentou resultados excepcionais, encerrando o mês de junho com um saldo de R$ 321,6 bilhões, o que representa um aumento de 22,7% em relação a junho do ano anterior. Somente no Plano Safra 2022/2023, que abrangeu o período de julho do ano anterior a junho deste ano, foram emprestados R$ 190 bilhões, um aumento de 23,3% em relação à safra anterior.
É importante destacar que o crédito direcionado ao agronegócio e à agricultura familiar alcançou a marca de R$ 75 bilhões no primeiro semestre, um aumento significativo de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. As linhas de investimentos e custeio foram os principais impulsionadores desse crescimento, com aumentos de 46,8% e 30,6% em 12 meses, respectivamente. Considerando apenas os agricultores familiares, o montante emprestado foi de R$ 7,8 bilhões para 106 mil produtores, representando um crescimento de 18,4% em relação aos seis primeiros meses de 2022.
Outro aspecto notável do desempenho do Banco do Brasil é o compromisso com operações de crédito sustentáveis, que respeitam rigorosos parâmetros sociais e ambientais. Ao final do primeiro semestre, essas operações atingiram um valor total de R$ 321,6 bilhões, registrando um aumento de 10% em relação aos últimos 12 meses.
No que diz respeito às receitas e despesas, o BB reportou um crescimento de 6,8% nas receitas de prestação de serviços durante o primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2022. Esse aumento foi especialmente influenciado pelos segmentos de consórcios, seguros, previdência e capitalização. Por outro lado, as despesas administrativas apresentaram um aumento de 7,4% na mesma comparação. O banco explicou que esse crescimento se deveu, em grande parte, ao reajuste de 8% concedido aos funcionários de acordo com o último acordo coletivo.
Projeções e Perspectivas
O Banco do Brasil também divulgou revisões nas suas projeções para o ano de 2023. A estimativa de lucro ajustado foi mantida em um intervalo entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões. Em relação ao crescimento do volume de crédito ao longo deste ano, a previsão foi elevada, passando de um intervalo entre 8% e 12% para uma faixa que agora varia entre 9% e 13%. No entanto, as receitas provenientes de serviços sofreram uma redução na sua expectativa de crescimento, indo de 7% a 11% para um intervalo entre 4% e 8%. Por fim, a previsão para as despesas administrativas