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Dólar atinge quase R$ 5,80 impulsionado por contas do governo Lula e possível retorno de Trump nos EUA

Dólar atinge quase R$ 5,80 impulsionado por contas do governo Lula e possível retorno de Trump nos EUA

Forró Caju 2025

A valorização do dólar, que alcançou R$ 5,78 nesta quinta-feira, reflete um cenário de incertezas nas contas públicas brasileiras e a expectativa de uma mudança política nos Estados Unidos. A moeda norte-americana já acumula uma alta de 19,4% no ano, afetando diretamente os preços no Brasil, especialmente de produtos importados e commodities.

Alta do dólar e as contas públicas brasileiras

A desvalorização do real acelerou-se a partir de abril, quando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 sem grandes avanços em cortes de gastos. Segundo especialistas, como William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, o aumento do risco fiscal no Brasil, somado à falta de uma política de contenção de despesas, vem elevando a cotação do dólar, mesmo em um contexto de desvalorização global da moeda americana.

Governo Lula: promessas de ajustes, mas sem ações concretas

O governo brasileiro tem prometido medidas de contenção de despesas, mas ainda não anunciou cortes significativos. Na última terça-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ajustes estão sendo discutidos internamente com o presidente Lula e o Ministério do Planejamento, mas sem uma data definida para divulgação. Após essa declaração, o dólar ultrapassou R$ 5,76, o que representa o maior valor desde março de 2021.

Rui Costa, ministro da Casa Civil, afirmou que o governo está comprometido com o cumprimento do arcabouço fiscal e assegurou que haverá um esforço para adequar as despesas, enfatizando que “quem apostar contra o Brasil vai perder”.

Aumento do risco fiscal e desafios para equilibrar as contas

O cenário fiscal do Brasil é desafiador. O déficit primário acumulado nos últimos 12 meses até agosto atingiu R$ 256,3 bilhões, ou 2,26% do PIB, enquanto a dívida pública chegou a 78,5% do PIB. Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, afirmou que, para alcançar a meta fiscal de 2025, o governo precisará cortar R$ 44,1 bilhões em despesas, sugerindo revisões em áreas como Fundeb, abono salarial e seguro-desemprego.

Entretanto, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, se posicionou contra cortes nesses benefícios, afirmando que eles só ocorrerão “se ele for demitido”. Salto também destacou a necessidade de reduzir benefícios tributários e otimizar a distribuição de recursos com estados e municípios, visando maior eficiência no uso do dinheiro público.

Influência das eleições americanas e risco de instabilidade econômica

Outro fator de preocupação é a possível vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024. Segundo o economista Alfaix, as políticas de Trump tendem a ser protecionistas e deficitárias, o que aumenta o risco dos ativos brasileiros e pressiona o câmbio, afetando especialmente as moedas dos países emergentes, como o Brasil.

Esse cenário pode criar um ciclo de desvalorização: com o real mais fraco, a inflação no Brasil aumenta, especialmente em produtos importados, impactando diretamente o custo de vida e a estabilidade econômica do país.

 

Com a escalada do dólar e a incerteza fiscal no Brasil, somadas às possíveis mudanças na política americana, o mercado financeiro sinaliza preocupações significativas para o Brasil. O governo precisa implementar cortes estruturais para conter a crise fiscal e estabilizar a moeda. Em um contexto global de alta volatilidade, a resposta do governo Lula será decisiva para evitar um ciclo de desvalorização prolongado, que impactaria diretamente o custo de vida dos brasileiros e a competitividade da economia nacional.