O endividamento das famílias brasileiras continua em trajetória de queda pelo quinto mês consecutivo, de acordo com os dados revelados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar dessa tendência, cerca de 76,6% das famílias ainda estão endividadas, mantendo compromissos em diversas modalidades, como cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
No mês de novembro, houve uma redução de 0,5% no número de endividados em comparação ao mês anterior, indicando um leve alívio nas finanças domésticas. A pesquisa sugere que a sensação de melhora nas condições econômicas do país pode estar contribuindo para essa queda, conforme destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
O índice de inadimplência também apresentou uma diminuição, atingindo 29%, em comparação ao mês anterior, quando estava em 29,7%, e ao mesmo período do ano passado, que registrava 30,3%. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, aponta que este é o menor patamar desde junho de 2022.
Tavares ressalta que, embora o índice de inadimplência ainda esteja acima do nível de novembro do ano passado, o programa Desenrola parece estar surtindo efeito, com uma queda significativa de 13% para 12,5% no número de pessoas que relatam falta de condições para pagar dívidas de meses anteriores.
A faixa de renda média, entre cinco e dez salários mínimos, apresentou um movimento contrário, registrando um aumento no volume de pessoas endividadas. No entanto, a pesquisa revela que grande parte desses consumidores (35%) se considera “pouco endividada”. Este grupo também observou a quarta elevação consecutiva de dívidas em atraso, atingindo o mais alto nível da série, com 24,2%.
Os consumidores de baixa renda, com até três salários mínimos, lideram o percentual de dívidas em atraso, alcançando 36,6%. O economista destaca que essa faixa é a que possui maior probabilidade de não conseguir arcar com suas dívidas, representando 17,2% e comprometendo expressivos 31,9% de sua renda.
O cartão de crédito permanece como a modalidade mais utilizada pelos endividados, atingindo 87,7% do total de devedores, representando um aumento significativo em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando ficou em 86,4%. Houve avanços também no crédito consignado e no financiamento imobiliário, enquanto outras modalidades perderam representatividade na carteira de crédito dos consumidores.
A pesquisa ainda revelou uma redução na proporção de consumidores endividados em um ano nos dois grupos de gênero, sendo mais expressiva entre as mulheres, com um recuo de 3,4 pontos percentuais em comparação aos homens, que apresentaram uma diminuição de 1,5 pontos percentuais. As mulheres continuam liderando as estatísticas de dificuldades em quitar todas as dívidas em dia, alcançando 30,1%, enquanto os homens atingiram 28%.
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