Sergipe registrou 183 casos de gravidez infantil em 2024. Nova campanha estadual quer zerar a gravidez na infância até 2030, com apoio de instituições e da Rede Solidária de Mulheres.
Gravidez infantil em Sergipe é uma realidade alarmante que exige atenção urgente do poder público e da sociedade. Segundo dados oficiais divulgados pelo Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna Infantil e Fetal de Sergipe (CEPMMIF), somente em 2024, 183 meninas com menos de 14 anos se tornaram mães no estado. Diante desse cenário, foi lançada, no dia 15 de maio, a campanha Zero Gravidez na Infância, com o objetivo de erradicar esses casos até 2030.
A campanha é fruto de uma articulação entre o CEPMMIF, o Comitê Estadual de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, o Instituto Brasileiro de Direito da Família (IBDFAM) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), em parceria com o projeto Faça Bonito. Também conta com o apoio do projeto Rede Solidária de Mulheres, uma iniciativa da Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai) com suporte da Petrobras e da própria UFS, além da participação ativa da Defensoria Pública do Estado de Sergipe.
O fórum de lançamento da campanha ocorreu no auditório da Reitoria da UFS, durante as comemorações dos 57 anos da universidade. O evento reuniu profissionais das áreas da saúde, educação, assistência social e direito, além de integrantes da Rede de Proteção, todos com o propósito de enfrentar a invisibilidade da violência sexual como um problema de saúde pública e social.
A assistente social Conceição Mendonça, representante do projeto Rede Solidária de Mulheres, destacou a importância da produção de materiais educativos para conscientizar a sociedade. “Nenhuma criança deve ser mãe. Quando isso acontece, a vida dela é colocada em risco. O material que produzimos, como o folder ‘Gravidez na infância é uma violação de direitos’, tem justamente o objetivo de informar e alertar. É responsabilidade de todos nós proteger a infância”, afirmou.
A médica sanitarista e professora do curso de Medicina da UFS, Priscilla Batista, reforçou que a campanha precisa alcançar as comunidades e dialogar com a realidade das mulheres que enfrentaram ou enfrentam situações de violência sexual. “Essa campanha é para sair dos prédios institucionais e ir para as ruas, para os bairros. A Rede Solidária está inserida nesses territórios e esse contato com a realidade local é fundamental”, explicou.
Outro ponto alto da campanha foi a participação da Defensoria Pública de Sergipe, que apresentou uma cartilha com informações claras sobre os direitos das vítimas de violência sexual. A defensora pública Dra. Betina Schreiner enfatizou que a orientação correta pode salvar vidas e evitar sofrimentos desnecessários. “Quando a gravidez acontece em uma menina, é preciso compreender que houve violência. E nesse caso, ela tem direito a atendimento, proteção e também ao aborto legal, como assegura a legislação brasileira. É papel da Defensoria garantir esses direitos e orientar tanto as famílias quanto os profissionais”, completou.
A campanha Zero Gravidez na Infância reforça que proteger a infância é um compromisso coletivo e que a educação sexual, a orientação familiar e o fortalecimento das redes de apoio são caminhos para transformar essa realidade. A Imprensa 24h continuará acompanhando de perto essa mobilização em Sergipe, dando visibilidade às ações e projetos que contribuem para o bem-estar e a dignidade de meninas e adolescentes.
Mais informações sobre a campanha podem ser encontradas no site da UFS e no portal da Defensoria Pública do Estado de Sergipe. A iniciativa também se conecta ao movimento nacional Faça Bonito, que defende os direitos de crianças e adolescentes em todo o Brasil.
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