A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE) realizou na última quinta-feira, 31, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc), o Seminário Agosto Lilás: educação no combate à violência contra a mulher.
O evento, realizado no auditório da Biblioteca Epiphanio Dória, trouxe para discussão a necessidade de capacitar os educadores, para que eles possam desenvolver um trabalho de conscientização e orientação sobre a violência contra a mulher junto à comunidade escolar.
A secretária-adjunta da OAB/SE, Clara Arlene, ressalta a importância de levar essa temática para dentro das escolas e aponta a educação como sendo uma grande ferramenta de transformação. “Esse evento encerra o Agosto Lilás de uma forma muito produtiva e esperançosa, porque a educação vem de fato como um grande instrumento no combate à violência doméstica e toda forma de preconceito. A OAB, promovendo esse seminário para os educadores, acende a esperança de que essas crianças e adolescentes consigam visualizar uma outra oportunidade, outra consciência sobre sociedade, respeito, direitos humanos e consciência social”, afirma.
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB/SE (CDDM), Flávia Elaine, lembra que os educadores lidam constantemente com crianças e adolescentes que estão inseridas em um contexto de violência, e por isso, a importância de conscientizar os educadores para identificar os sinais de violência e conseguir ajudá-los.
“Quanto mais se discute sobre essa pauta, mais fica fácil identificar os sinais de um contexto de violência. É importante que os professores e toda a equipe da escola estejam de certa forma preparados para acolher essas crianças e adolescentes, e direcionar às autoridades competentes para que essa violência chegue ao fim. A ideia é trazer essa pauta constantemente nas escolas, formar facilitadores sobre o tema, para que toda vez que o assunto vier à luz, os professores possam trazer uma palavra de acolhimento ou mesmo um direcionamento para essas crianças e adolescentes”, aponta.
A psicóloga e coordenadora do Núcleo de Apoio Socioemocional da SEDUC, Estefany Andrade, lembra que a violência está inserida na sociedade e que é preciso fazer um trabalho de conscientização com os estudantes para que eles possam identificar e combater a violência.
“A SEDUC tem incentivado que os educadores trabalhem os aspectos da violência dentro das escolas, porque precisamos conscientizar os alunos de forma que eles percebam não só nos colegas, mas dentro dos seus próprios lares, se estão passando por uma situação de violência. Muitas vezes eles não conseguem identificar se é ou não violência, por estarem tão acostumados naquela vivência que acaba se tornando normal. A educação tem tratado disso de forma muito direta e pontual. E essa interação entre instituições e o poder público é muito importante, para que a gente consiga promover todos os dias essa pauta no ambiente escolar”, afirma.
Na oportunidade, a professora Rosana Batista foi homenageada pela OAB/SE. Ela é autora do “Projeto Aula Cidadã: eu meto minha colher, sim!”, que promove a cultura de paz no combate e enfrentamento à violência contra a mulher, no Colégio Estadual Monsenhor Carlos Camélia Costa, localizado na capital sergipana.
“Eu trabalho com meus alunos o papel social da mulher no século XXI e a necessidade de entender essas transformações para não reproduzir determinadas condutas, que persistem e culminam na violência. Essa luta não é de um gênero só, não é só das mulheres, é uma luta de todos, porque quem sofre com a violência contra a mulher não é apenas aquela mulher, é toda família que é uma célula da sociedade. E, de tanto a gente atingir cada célula, todo o organismo que é a sociedade, vai acabar falindo. Temos que ensinar que o respeito é uma obrigação de todos e para com todos”, enfatiza.
Segurança Pública
A delegada de polícia responsável pelo Departamento de Atendimento a Grupo Vulnerável (DAGV) de Estância, Marcela Souza, relata que diariamente atende casos de violência doméstica e que o número de subnotificações ainda é muito grande.
“Os casos que chegam à delegacia ainda são pequenos diante da dimensão da violência doméstica. Apesar de todo o enfrentamento, do trabalho da Secretaria de Segurança Pública, Seduc, OAB e outras instituições, os números ainda não caíram, pelo contrário, estão aumentando. Nós da segurança pública trabalhamos com a repressão, quando o crime já aconteceu, mas não nos furtamos e atuamos também com a prevenção, na tentativa de reduzir os casos que ainda são exorbitantes em nosso país.
OAB/SE
A OAB/SE, através da CDDM, desenvolve ações de combate e enfrentamento à violência contra a mulher atuando em dois eixos: sociedade e advocacia. “No eixo voltado para a sociedade estamos realizando muitas parcerias com instituições, governo e prefeituras, e atuando de forma conjunta no enfrentamento e na educação, levando conhecimento para todo o estado. Para a advocacia, capacitamos profissionais do Direito para atuarem na assistência jurídica às mulheres em situação de violência. A OAB/SE também acolhe qualquer mulher em situação de violência, orienta e encaminha para a assistência necessária”, conclui Flávia.
Estiveram também presentes no evento integrantes da CDDM; a vice-diretora da Escola Superior da Advocacia (ESA), Samyle Regina; representantes da SEDUC e do Serviço de Direitos Humanos; educadores e a sociedade em geral.