Uma nova opção de plantio consorciado tem se mostrado bastante produtiva na região sul de Sergipe. O cultivo da palma juntamente com o feijão de corda tem otimizado espaço na lavoura e promovido uma grande produtividade das duas culturas. Com apoio da equipe de assistência técnica e extensão rural do escritório da Empresa de Desenvolvimento Agrário de Sergipe (Emdagro), no município de Boquim, a experiência tem ajudado os produtores rurais da região, nas cinco propriedades onde é desenvolvida. A iniciativa do Governo do Estado, realizada pela Secretaria da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), por meio da Emdagro, faz parte do programa ‘Sementes do Futuro’, que engloba a palma, milho e arroz.
O agricultor João Carlos Santos de Sá, do povoado Romão, na zona rural de Boquim, é um desses casos de sucesso. Em sua propriedade de seis hectares ele utilizou pouco menos de meia tarefa para plantar a palma da variedade orelha de elefante. As raquetes doadas pelo Governo do Estado no ano passado foram plantadas em outubro, juntamente com o feijão de corda. “A palma vou colher no final do ano para alimentar meu gado. Já o feijão não falta o ano inteiro em minha mesa, ajudando no sustento de minha família”, comemorou o pequeno produtor, que, além de plantar milho e mandioca, tem um plantel de pouco mais de 30 cabeças de gado de leite.
De acordo com o chefe do escritório da Emdagro de Boquim, Joetônio Ferreira, embora a plantação de palma não seja muito comum na região, devido à estiagem prolongada, foi feita essa experiência com a ‘orelha de elefante’, com o objetivo de garantir que esses pequenos criadores tivessem alimentos, para seus animais, no período de estiagem. “Podemos observar que na região temos o capim elefante, tradicional daqui, mas que nessa época já está imprestável para o consumo animal, porque ele também sofre com a estiagem. Aqui na propriedade de João de Sá a palma foi plantada em mil covas e já observamos a planta bem desenvolvida, com uma produtividade prevista de 40 toneladas por hectare. Esse é o nosso objetivo”, destacou.
Além de promover uma maior diversificação nas pastagens, o plantio da palma consorciado com outras culturas otimiza o espaço nas lavouras, já que nas linhas que se formam entre as covas podem ser plantadas outras culturas. “Nesse caso em especial, além do feijão de corda, pode ser plantado qualquer outro tipo de leguminosa, menos a fava, que enrama muito”, detalhou Ferreira. Segundo ele, as leguminosas enriquecem o solo com nitrogênio. “Elas transferem o nitrogênio para o solo, o que para a palma é ótimo, porque é um adubo natural e para o produtor melhor ainda, porque ele não precisa comprar nutrientes para a palma, pois o feijão e todas as outras leguminosas já fazem isso naturalmente”, observou o técnico agrícola.
Palma forrageira
Graças ao programa ‘Sementes do Futuro’, desenvolvido pelo Governo do Estado, somente com a palma forrageira foram beneficiados 190 criadores em sete municípios sergipanos. As sementes são distribuídas para criadores de animais, em especial o gado leiteiro, pois a palma é utilizada como complemento da ração e o plantio diminui o custo de produção para o criador. Em setembro, foram entregues 286 mil raquetes sementes de palma, sendo que cada criador recebeu 1.500 raquetes.
De acordo com o presidente da Emdagro, Gilson dos Anjos, nos últimos anos, tem-se observado um desequilíbrio entre a produção e consumo dessa forrageira, gerando sua super utilização e consequente déficit estratégico das áreas cultivadas. “Portanto, o cultivo da palma é uma opção estratégica de alimentação animal, que visa fortalecer a atividade pecuária, contribuindo para um futuro sustentável para os produtores e criadores”, destacou.
Foto: Vieira Neto