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Policiais Militares são flagrados extorquindo comerciante e ignoram ocorrência logo depois

Policiais Militares são flagrados extorquindo comerciante e ignoram ocorrência logo depois

Em menos de uma hora após exigir propina de um comerciante, policiais militares deixam de atender um chamado de emergência, evidenciando grave falha na corporação.

Do que está sendo chamado de “Tour da Propina”, dois policiais militares foram flagrados extorquindo um comerciante na Zona Oeste da cidade. O caso, que veio à tona nesta semana, não apenas expõe o envolvimento dos agentes em práticas corruptas, mas também revela negligência no serviço prestado à população. Cerca de uma hora após receberem o dinheiro da propina, os policiais ignoraram um chamado de emergência, gerando indignação e questionamentos sobre a segurança pública.

O episódio aconteceu em plena luz do dia, quando os PMs abordaram um comerciante em uma área de comércio popular. Segundo relatos e imagens obtidas pela investigação, os agentes exigiram uma quantia em dinheiro para “aliviar” o trabalho de fiscalização. Visivelmente constrangido, o comerciante, que preferiu não se identificar, acabou cedendo e entregou o dinheiro solicitado.

Menos de uma hora após o flagrante da extorsão, os mesmos policiais foram acionados para atender uma ocorrência envolvendo um possível assalto em andamento na região. Testemunhas afirmam que, apesar da urgência do caso, os PMs não responderam ao chamado, permanecendo fora de ação. A omissão levantou suspeitas de que o foco principal dos policiais naquela tarde era obter propinas, e não proteger a população.

A ação criminosa dos policiais gerou revolta entre os comerciantes locais, que se dizem vítimas frequentes de extorsões. “Não é a primeira vez que isso acontece. Quem não paga, sofre represálias, tem a mercadoria apreendida ou recebe multas injustas”, relatou um comerciante, pedindo anonimato por medo de retaliações.

A ausência de resposta ao chamado de emergência também afetou diretamente a confiança da comunidade na polícia. “Como vamos confiar nos policiais se eles estão mais interessados em extorquir dinheiro do que em proteger a gente?”, questionou um morador.

Após a divulgação do caso, a Corregedoria da Polícia Militar anunciou a abertura de uma investigação para apurar os fatos. Os dois policiais envolvidos foram afastados das funções operacionais enquanto o inquérito é conduzido. Segundo a corporação, práticas como essas são inaceitáveis e os responsáveis serão punidos.

“Não toleramos corrupção dentro da Polícia Militar. Qualquer indício de má conduta é investigado e, se comprovado, punido com rigor”, afirmou o porta-voz da PM em nota oficial.

O episódio escancara uma crise de confiança na segurança pública, que já vem sendo apontada por especialistas como um problema estrutural. Para o sociólogo e especialista em segurança pública João Pereira, casos de corrupção e abuso de poder por parte de policiais são sintomáticos de uma estrutura mal remunerada e pouco fiscalizada.

“A questão vai além dos indivíduos envolvidos. É uma falha sistêmica que permite a continuidade dessas práticas e coloca em risco a credibilidade da polícia como instituição de proteção e serviço público”, explica Pereira.

O “Tour da Propina” é mais um capítulo de uma narrativa preocupante envolvendo a Polícia Militar. O caso coloca em evidência a necessidade urgente de reformas e medidas mais severas contra a corrupção dentro da corporação. Enquanto isso, comerciantes e moradores seguem à mercê de agentes que deveriam garantir a sua segurança, mas que, neste episódio, se mostraram mais interessados em benefício próprio.

A população aguarda respostas e medidas concretas. Entidades de defesa dos direitos humanos e associações de comerciantes já estão se mobilizando para cobrar transparência e justiça. A expectativa é que a investigação seja célere e imparcial, para que os responsáveis sejam punidos e a confiança da sociedade na polícia possa, ao menos em parte, ser restabelecida.