A beleza natural da Praia do Viral, um dos pontos turísticos mais visitados de Aracaju, enfrenta um sério risco de desaparecimento devido à erosão costeira que tem reduzido drasticamente sua faixa de areia. Essa preocupante descoberta foi revelada no “Panorama de Estabilidade Geológica do Litoral Sergipano,” um estudo conduzido pelo Laboratório Progeologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Segundo o geocientista e pesquisador Júlio César Vieira, a Praia do Viral não está sozinha em sua luta contra a erosão. Municípios como Brejo Grande e Itaporanga D’Ajuda também sofrem com a crescente ameaça do avanço do mar. Em Brejo Grande, o estudo identificou uma linha erosiva acentuada, com o mar avançando entre 50 e 100 metros nos últimos oito anos, aproximadamente 6 quilômetros abaixo da Foz do Rio São Francisco. Em Itaporanga D’Ajuda, a erosão no litoral norte é igualmente preocupante, com o mar avançando de 8 a 10 metros por ano.
O estudo abrange todo o litoral de Sergipe, dos 147 quilômetros de extensão, 68 deles enfrentam erosão costeira em níveis intensos ou moderados. O geólogo Júlio César alerta que é imperativo que ocorram mudanças significativas na gestão costeira do estado para evitar danos sociais, econômicos e ambientais mais graves.
O pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa da UFS, Lucindo Quintans, enfatizou a importância do Laboratório Progeologia e sua ligação com questões fundamentais, como petróleo, gás e biocombustíveis. Ele instou as autoridades federais, estaduais e municipais a tomarem medidas urgentes para controlar o processo de erosão, especialmente nas bacias hidrográficas e ao longo do litoral de Sergipe.
É relevante destacar que Sergipe é atualmente o único estado do Brasil a monitorar sistematicamente e a longo prazo todo o seu litoral, uma ação crucial para enfrentar os desafios impostos pela erosão costeira.