A vulnerabilidade social da população em situação de rua aumenta significativamente o risco de contrair doenças, sendo a tuberculose uma das preocupações principais. Em resposta a essa situação, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), tem implementado um programa eficaz de monitoramento e tratamento da tuberculose nesse grupo vulnerável. Com o apoio do Consultório na Rua e das Unidades Básicas de Saúde Maria do Céu e Ministro Costa Cavalcante, o município busca assegurar que essas pessoas recebam a assistência médica necessária.
O processo de tratamento da tuberculose começa com a identificação de sinais e sintomas característicos, tais como tosse persistente por mais de duas semanas, febre recorrente no final da tarde, perda de peso inexplicada, sudorese noturna e fadiga. Uma vez identificados esses sintomas, equipes médicas vão até as áreas onde as pessoas em situação de rua geralmente se encontram para realizar coletas de escarro. As amostras são, então, encaminhadas para o Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar), com resultados geralmente disponíveis em aproximadamente uma semana.
Atualmente, cinco pessoas em situação de rua estão em tratamento para tuberculose sob os cuidados da equipe do Consultório na Rua, conforme informou a coordenadora do serviço, Keila Costa.
“Após a obtenção dos resultados, realizamos uma busca ativa pelos pacientes para fornecer feedback. Se a tuberculose for confirmada, iniciamos o tratamento, notificamos a vigilância epidemiológica e, em seguida, avaliamos o paciente, solicitando um raio-x do tórax e outros exames complementares para avaliar a saúde pulmonar e orgânica. Após essas etapas, fornecemos a medicação, que passa por duas fases”, explica Keila Costa.
O tratamento medicamentoso da tuberculose tem uma duração de seis meses, sendo essencial um acompanhamento contínuo para garantir a adesão ao tratamento.
“Dada a complexidade da vida na rua, empregamos estratégias para garantir a continuidade e eficácia do tratamento. A medicação pode ser fracionada com base na autonomia do paciente, o que significa que podemos dispensar medicamentos para uma semana ou quinze dias, fornecendo um envelope com datas especificadas e orientações sobre o uso e dosagem, além de informações sobre possíveis efeitos colaterais e recomendações. Além disso, realizamos pesagens mensais e coletas de escarro para monitorar a presença do bacilo”, acrescenta Keila Costa.
A coordenadora destaca ainda que o cuidado aos pacientes com tuberculose é multiprofissional, envolvendo não apenas médicos e enfermeiros, mas também assistentes sociais, psicólogos, redutores de danos e técnicos de enfermagem, entre outros profissionais que compõem a equipe do Consultório na Rua, composta por 13 membros.
Além disso, a equipe realiza encaminhamentos interestaduais e intermunicipais. Quando uma pessoa em situação de rua referenciada em Aracaju se desloca para outra cidade ou estado, a equipe entra em contato com as autoridades competentes para garantir a continuidade do tratamento da tuberculose e assegurar o bem-estar do indivíduo. Recentemente, foi realizada uma transferência interestadual para Salvador/BA, e nos últimos dois meses, duas pessoas receberam alta por cura após concluir o tratamento.