No Turismo Gastronômico são desenvolvidas experiências de consumo e apreciação de bebidas e comidas, de maneira a valorizar a história, a cultura e o meio ambiente de uma região. Com a proposta de fortalecer este segmento em Sergipe, a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio do grupo de pesquisa Antropologia e Turismo e do projeto de extensão “Roteiros Gastronômicos e Paisagens Alimentares”, uniu-se à Secretaria de Turismo do Estado e à Embrapa Alimentos e Territórios para desenvolver o projeto “Potencializando Turismo Sustentável em Paisagens Alimentares da Região Nordeste do Brasil nos Cenários de Mudanças Climáticas e Pós-pandemia Covid-19”.
A principal meta do grupo é elaborar e promover o desenvolvimento do turismo em paisagens alimentares rurais, priorizando a valorização, proteção e resiliência ambiental e social das paisagens em três estados do Nordeste: Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Em Sergipe, os municípios selecionados para a realização do trabalho foram São Cristóvão e Indiaroba.
“Queremos trabalhar o desenvolvimento territorial a partir do turismo em conexão com a gastronomia e com a agricultura. Trabalhamos essa temática no contexto da multifuncionalidade da agricultura, afinal a produção de alimentos é apenas uma das várias funções da agricultura”, explicou Aluísio Silva, analista de pesquisa da Embrapa Alimentos e Territórios e coordenador do projeto.
Para o desenvolvimento da iniciativa foram selecionadas mulheres que trabalham na coleta e produção de derivados da mangaba, mariscos e na preparação de produtos derivados da farinha como os tradicionais “bricelets” ( biscoitinho fino de origem suiça).
O projeto, com término previsto para o primeiro semestre de 2024, inclui o estímulo e construção de um cenário que gere um aumento na produção das mulheres, repasse de orientações sobre a correta manipulação dos alimentos, a elaboração de identidade visual para a embalagem dos alimentos e a consequente comercialização dos produtos.
Vera Gomes, que há dez anos produz “bricelets” no município de São Cristóvão, é uma das mulheres beneficiadas pelo projeto. Ela agradece o apoio e está confiante quanto aos resultados a serem conquistados.
“Estão nos dando valor. Pra mim é uma ótima opção ter alguém cuidando da gente, pra que a gente cresça, assim como para as outras mulheres. Sentimos gratidão. Eu espero um futuro melhor para todos nós”, comemora Vera.
Léia Duarte, assessora da Secretaria de Estado do Turismo, parceira do projeto, explicou as etapas realizadas até o momento. “Fizemos as visitas técnicas para validar os municípios atendidos, apresentamos o projeto para as comunidades contempladas e a convidamos a engajar na iniciativa. Também já temos uma consultoria contratada pela Embrapa que está visitando estes municípios de maneira a subsidiar o desenvolvimento do trabalho”, detalhou a assessora.
Denio Azevedo, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Culturas Populares da UFS, explica que os ganhos do projeto devem ir além da produção e comercialização dos produtos.
“Você imaginar, por exemplo, que uma catadora de aratu vai pescar o aratu, levar pra casa, limpar, cozinhar, preparar o catado e posteriormente vendê-lo. É extremamente interessante. Todos os processos são feitos por essas mulheres, assim com as que trabalham com a mangaba e a farinha. Existe um perfil de turista interessado nessas histórias de vida, nos saberes e fazeres dessas mulheres. Eles não querem só o produto, querem ouvir as histórias, aprender a fazer aquilo. Desejam ter essa experiência, essa troca. Acreditamos, portanto, que com este projeto pode haver um impacto social importante para estas mulheres”, avaliou Denio.
Ascom